ABADIA DOS DOURADOS
Por volta do ano de 1850, tendo conhecimento da existência
de enormes jazidas de diamantes e de ferteis terras à margem do Rio Douradoos, garimpeiros e agricultores ali fixavam
residência em ranchos de pau a pique. A povoação recebeu o nome de Arraial do Garimpo, possuindo uma pequena capela dedicada
ao culto de Nossa Senhora da Abadia que deu o nome a atual Abadia dos Dourados. A paróquia foi criada em 25 de setembro
de de 1886 pela Lei Provincial nº 2874, com terrenos doados pelas famílias Arruda e Esteves dos Santos em 1884. Em 24 de outubro
de 1886, instalou-se a paróquia, que teve como primeiro vigário o Padre Manoel Luiz Mendes. Através da Lei nº1670, ficou subordinada à
freguesia de Coromandel. Pela Lei nº1678 de 1870, incorporou-se ao Distrito de Abadia dos Dourados parte do territorio de
Lagamar. Em virtude da Lei nº 843 de 07 de setembro de 1923, Abadia dos Dourados passou a pertencer ao municipio de Coromandel
e pela Lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948, foi criado o município de Abadia dos Dourados, cuja instalação se deu a 1º de
janeiro de 1949.
FATO HISTÓRICO IMPORTANTE QUE MERECE INVESTIGAÇÃO:
Segundo o Sr. Laerte Esteves dos Santos, bisneto do fundador da cidade, Manoel Esteves dos Santos,
o seu bisavô era amigo íntimo de Tiradentes e veio foragido de Sao Joao Del Rei para Abadia dos Dourados e com ele trouxe
inumeras cartas de Tiradentes. Estas cartas estavam em um bau de metal que foi enterrado por volta do ano de 1965, pela avó
do sr Laerte, em um local próximo a cidade.
Eu mesmo estive no local, juntamente com o sr Sebastião Vilela e o sr Zico Esteves, que descobrimos,
porque a neta do sr Laerte estava presente quando sua vó enterrou o baú e ela mesma nos mostrou o local. Como já se passaram
vários anos que o baú foi enterrado, somente com uma pesquisa arqueológica e com bastante calma poderá se encontrar essa
jóia cultural.
POESIA
OS BONS TRUQUEIROS
Seu moço sou um bom truqueiro, mas nasci que nem um tingui. No truque sou ruim como um
cascavel mas pior do que sucuri.
Se meu avô foi um bom truqueiro eu nao podia ficar na toca raspando no
caititu a massa da mandioca.
Bebedô de pinga Zurico possuindo carne e caroço eu nunca topei um truqueiro
que me fizesse sobrosso.
Eu nunca drumi uma noite pru baixo dum jequitibá nasci pra viver nas grota pra
viver nos mocoçá.
Pra drumi longe dos rancho pru riba dos gravatá vendo a lua pelas folha num formoso
iriribá
Mas nada disso me faz, seu moço, meu coração se batê do que trucá numa espadilha e vê o adversário
corrê.
Vou terminar os meus versos com orgulho e com alegria pra mode ter mostrado aos carmelitanos o
que é truqueiro da Abadia
Aderbal Marra - Abadia dos Dourados
PATROCÍNIO
A
fundação de Patrocínio deu-se em 1772 por ordem do Conde de Valadares, então Capitão General das Minas Gerais, que ordenou
ao Capitão Inácio de Oliveira Campos que se estabelecesse no local. Pela propriedade de Inácio Oliveira Campos, que se
denominava Fazenda do Brumado dos Pavões, passaram todas as bandeiras que de 1772 para diante demandaram aos sertões de Goiás,
podendo-se citar entre elas a de Anhanguera (Bartolomeu Bueno da Silva), Lourenço Castanho e outras. Quando foi descoberto
o famoso diamante Estrela do Sul, em 1852, o Distrito Diamantino de Bagagem pertencia a Patrocínio. O Distrito deve sua
criação à Resolução Régia de 22 de dezembro de 1812, confirmada pela Provincial de nº 114, de 09 de marco de 1839. O
município foi criado com a denominação de Nossa Senhora do Patrocínio com Território desmembrado de Araxá, ao qual pertencia,
pela Lei Provincial de nº 171, de 23 de marco de 1840, ocorrendo a instalação a 07 de abril de 1842. Na divisão administrativa
de 1911, aparece o município com 05 Distritos: Sede, Serra do Salitre, Coromandel, Abadia dos Dourados, São Sebastião da Serra
do Salitre e Cruzeiro da Fortaleza.
ESTRELA DO SUL
Fundada pelo bandeirante João Leite da
Silva Ortiz, em 1722, quando este saindo de São Paulo com destino a Goiás, se deteve às margens de um rio e constata a grande
quantidade de diamantes ali existentes. Descendo ao longo deste rio, as bagagens eram depositadas em um certo ponto que
ficou sendo chamado de Bagagem, cedendo o nome ao rio e ao povoado ora fundado. O povoado da Bagagem se compunha de dois conglomerados:
Cachoeira e Joaquim Antônio, que veio a ser distrito de Santa Rita de Estrela. Os escravos construiram para eles a imponente
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Distrito de Joaquim Antônio. Com a notícia da descoberta de diamantes, nasce o
povoado da Bagagem Diamantina. Alem das riquezas minerais, a região era dotada de terras férteis, o que propiciou a agricultura
e a pecuaria. Imponentes casarões surgiram no perímetro urbano e grandiosas construções abrigaram sedes de fazendas.
A Bagagem tornou-se, na época, um centro comercial importantíssimo. Aqui se encontravam artigos importados da Europa e nacionais
diversos. Em 02 de março de 1853 foi encontrado o famoso diamante Estrela do Sul, de qualidade rara, pesando 254,5 quilates.
Com a corrida de diamantes a Bagagem atraiu exploradores de divrsas partes do pais. De São Domingos do Araxá veio Anna Jacinta
de São José, conhecida como Dona Beija. A famosa cortesã do Brasil Império, com vida penitente e espírito empreendedor, investiu
em garimpos e deixou benefícios na cidade. Faleceu em dezembro de 1873 e está sepultada onde hoje se localiza a Praça da Matriz.
Pela Lei nº 777, de 30 de maio de 1856 é concedida ao povoado autonomia municipal com elevação de Vila, entendendo
assim como emancipação. A Lei 1101 de 19 de setembro de 1861 eleva a Vila de Bagagem à categoria de cidade. Crescendo
sempre, chegou a ser um dos mais importantes centros comerciais da Província, segundo declarou o Deputado Padre e mestre Modesto
Caldeira num discurso pronunciado na Assembleia Provincial em 1873. A Lei 319, de 16 de setembro de 1901 determina em um dos
seus artigos que a Cidade da Bagagem passe à denominacao de Estrela do Sul, nome que passou ser aplicado à Comarca
e ao município. O nome se deve ao diamante, que, na Europa, foi chamado de a Estrela do Continente Sulamericano, consequentemente
Estrela do Sul. Estrela do Sul é hoje a única cidade da regiao do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba que guarda o
maior numero de construções coloniais
ESTRELA DO SUL (ANTIGA BAGAGEM) E ARAGUARI - BERÇO DA IGREJA EVENGÉLICA
João
Boyle, era do condado de Spencer, Virgínia, educado no Center College in Kentucky e no Union Seminary de Richmond. Em
1873 chegava ao Brasil, aportando em Recife, com a esposa, onde devia exercer o seu ministério. Antecipou-o o Rev. Rockwell
Smitt, que naquele mesmo ano ali chegara, no mês de janeiro. O clima quente do nordeste nao foi favorável aos Boyles,
por isso pediu sua transferência para Campinas. Em Mogi-Mirim recebe correspondência de dois jovens em cujas mãos caíra
uma Bíblia a qual vinham lendo desde algum tempo. Segundo o testemunho de Dª Ester Goulart Siqueira Tillman, neta de Tertuliano
Golart, um daqueles moços, foi através de um número da imprensa evangélica, que souberam de um missionário americano, chamado
João Boyle, que se oferecia para explicar o evangelho a quem o procurasse. O contato imediato com o missionário, por carta,
trouxe-o a Bagagem de onde fora escrita a carta. A demora de Boyle, que não pode atender logo o pedido dos leitores da Biblia,
fez com que já não encontrasse mais ali os moços, os quais tinham transferido residência para Araguari. Procurou-os, então,
em Araguari, encontrou-os e, julgando-os preparados, recebeu-os em profissão de fé. (Eu Tertuliano Goulart, minha esposa Maria
Otília, Querubino dos Santos, Querubina Firmina de Carvalho e Teodolino Mendes Carvalho, nós fomos os primeiros membros da
Igreja Presbiteriana de Araguari e de todo o Triângulo Mineiro) - O ano era de 1884, são palavras do jovem Tula, como era
chamado na intimidade - Tertuliano Goulart, conforme relata sua ilustre neta. Aqueles recém convertidos acabaram voltando
para Bagagem onde mantinham o Jornal (O Garimpeiro) e ali iniciaram o trabalho evangélico, o que levou João Boyle a vir fixar
residência na cidade de Bagagem (Texto extraido do livro Pequena História da Missão Oeste do Brasil - Rev. Wilson Castro
Ferreira)
RESIDÊNCIA DE JOÃO BOYLE |
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HISTÓRICO DO TRIÂNGULO MINEIRO
Em
1722 a expedição de Bartholomeu Bueno da Silva Filho partiu de SÃo Paulo rumo a Goiás, fazendo picadas, resultando mais tarde
na Estrada do Anhanguera. Partindo de Sao João Del Rey cruzou o Rio São Francisco, proximo da Barra do Bambuí, seguiu
pela Serra de Marcela, proximidades de Araxá, Patrocínio, Coromandel, Paracatu e Goiás. O Governador Martinho Mendonça de
Pina Proença ordenou a abertura de uma estrada para ligar as Minas a Goiás. A comissão de abertura da estrada , com receio
dos bravos Araxás, modificou o seu traçado. Entre os homens que compunham esta comissão, alguns se desligaram e formaram uma
bandeira chefiada pelo Guarda-Mor Feliciano Cardoso de Camargo, Estanislau de Toledo Piza, Agostinho Nunes Abreu, Francisco
Xavier do Prado, Simão Dias Pereira e outros mais, além de índios mansos, acompanhados do padre Antonio Martins Chaves. A
estrada deveria partir do centro de Minas e atravessar em linha reta todo o sertão rumo a Goiás. Seguindo esta direção atravessaria
as Serras do Marcelo, Urubu, Samambaia e, também, a Serra do Salitre, região onde viviam os aguerridos indios. Mas a comissão
incumbida da abertura desta estrada desviou-se, seguindo em direção de Santa Fé Paulista até São Marco. Em 1736, a bandeira
desgalhada cortou a Serra da Pratinha, ganhou o vale do Rio Uaimii, das Abelhas, e das Velhas (hoje Araguari). O Guarda-Mor
Feliciano resolveu ai permanecer. Escasseando os minérios no centro das Geraes, os exploradores a procura de outros filões
auríferos, dirigiram-se e agruparam-se nas cabeceiras do Rio Araguari formando uma corrutela, o Arraial do Tabuleiro. Esta
população foi atacada pelos quilombolas, aliados aos índios Caiapós e Araxás e pouca gente escapou com vida. Os sobreviventes
levaram a noticia a Pitangui, a Sao Bento do Tamanduá (hoje Itapecerica) e Paracatu, enaltecendo a quantia do ouro. Em
1743, abaixo das ruinas do Taboleira, uns 100 km, aproximadamente, fundaram outro povoado, desta vez com o nome de Nossa Senhora
do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas, mais tarde Desemboque do Rio Grande, que deu origem ao Sertão da Farinha Podre,
região que se extende entre os rios Grande e Paranaíba. Desemboque foi a expressão dita aos índios pelos bandeirantes querendo
dizer: desocupem o emboque de ouro e o desemboque dos bandeirantes. Nao foi fácil a penetração, devido a existência de quilombos
e os restantes dos índios Caiapós, cuja fama perdurava. Provavelmente um dos Quilombos atuantes era o do Negro Ambrózio, localizado
onde hoje é o município de Ibiá. Depois de exterminados os quilombolas, toda a região foi explorada e povoada por expedições
partidas de Pitangui, Sao Bento do Tamanduá e de Paracatu. A bandeira que partiu de Pitangui foi chefiada por Antônio
Colaca e, pouco depois, a de Manoel José Torres e Antônio da Silva Cordeiro. De Tamanduá seguiu o grupo comandado pelo Sargento
Mor Manuel Alves Gondim. De Tamanduá Padre Gaspar Alves Gondim ia periodicamente ao Arraial das Abelhas ministrar a parte
religiosa. A fama afluía gente de toda parte, chegando de Jacuí (sul de Minas), de São Pedro de Alcântara continuadamente
partiam comboios de mantimentos rumo a capital do ouro. E o Padre Marcos Freire de Carvalho, com fama de contrabandista nao
encontrou nenhuma autoridade eclesiástica que lhe desse a nomeação que ele pleiteava. Foi a São Paulo e conseguiu de Dom Antônio
da Madre de Deus a nomeação de vigário do Arraial das Abelhas. Em 1748, ocorreu a criação da Capitania de Goiás, que até
então era parte integrante da Capitania de São Paulo; e os julgados de Araxá e Arraial das Abelhas, na época, pertenciam a
chamada regiao de Goiás Paulista. Em razão do pouco conhecimento sobre a geografia local, os dados são imprecisos, têm falta
de exatidão a respeito das terras entre os rios Grande e Paranaíba. Em 1763, O Arraial das Abelhas ja ostentava certa
imponência e o florescimento do ouro era grande. Familias vindas de diversas regiões residiam no Arraial onde o Padre Gaspar
Alves Gondim passou a ser vigário. Devido a fartura do garimpo e exuberância dos terrenos, a região tornou-se ponto de
discórdia entre os governadores das Gerais e de Goiás, ambos, justificando sua posse. A descoberta de ouro e diamantes no
interior de Goiás e Mato Grosso e a propagação da notícia de ouro abundante no Rio das Abelhas, provocaram a formacao de Arraiais
e a região tornou-se ponto de passagem obrigatória para as populações litorâneas do país naquelas terras. O padre Félix
Jose Soares da Silva, que não passava de um criminoso vulgar, conhecia a fundo a história nefasta do jugo português e com
uma pregação convincente levou o povo contra Portugal e também contra as Minas. O Governador Lobo da Silva vendo quão perigosa
era a pregação, muniu-se de uma ordem de prisão do Cabido de Mariana e prendeu o padre. Em Vila Rica o Governador mandou relaxar
a prisão com a justificativa de seu caráter eclesiástico. O padre fugiu, vindo a morar no Arraial das Abelhas em 1765. Em
março de 1766 os garimpeiros que ali viviam, não estavam satisfeitos com a fiscalizacao exercida pelo Governador e revoltaram-se
contra a cobrança do quinto do ouro, que achavam rigorosa e injusta. Por isso, desejavem que o Arraial e, com ele, toda a
região ficassem pertencendo a Goiás. Aproveitando o ensejo o Padre Félix preparou um abaixo-assinado com os habitantes do
lugarejo, pedindo a anexação a Goiás. Chegando a Vila Boa de Goiás, ardilosamente convenceu o Governador Dom Joao Manuel
de Mello de que o Triângulo Mineiro, por direito, pertencia a Goiás. O Governador, também esperto, vendo no plano do padre
revoltado, boa forma de aumentar as rendas de sua minguada Capitania, endossou o plano e foi em seguida feita a ocupação do
vasto território. Foi quando militares de Goiás invadiram e se assenhorearam do arraial e de toda a regiao. Em 1763, o Bispo
de Mariana, Frei Dom Manuel da Cruz, protestou energicamente contra a usurpação do Desemboque, que estava dentro de sua diocese.
As autoridades regionais, sobretudo de Tamanduá, protestaram contra a usurpação praticada pelo Governo de Goiás. O Governador
de Minas, Luis Diogo Lobo da Silva, determinou ao seu representante no Desemboque, que fizesse seus protestos pacificamente,
sem barulhos. No seu ofício, o Governador rememorou as diversas expedições que descobriram e povoaram a regiao. Dos argumentos
do Conde de Valadares pode-se deduzir que a culpa recaiu sobre o Governador Luis Diogo, porque não permitiu qualquer reação
das autoridades mineiras. O Conde de Valadares dirigiu ofício com o protesto enérgico ao Capitao General de Goiás, João Manuel
de Melo, contra o esbulho e dano gravíssimo ao real interesse, ao bem dos povos, ao sossêgo público e administração da justiça.
Em 1778, Pedro Teixeira de Carvalho, de Tamanduá, ainda protestava contra arbitrariedades dos soldados de Goiás, em terras
povoadas por gente de Minas. Esse imenso território com 94.500 km, anexado à Comarca, intercalada de Vila Boa de Goiás
(nome da antiga capital) recebeu o nome de Comarca do Novo Sul. O Governo de Minas assistia de braços cruzados a usurpação
desse importante território. A medida que o ouro da superficie facilmente encontrado na área dos córregos e ribeiroes recuava
para as entranhas do subsolo, os aventureiros do Arraial tentaram entradas para o interior das terras virgens, procurando
meios de construir sítios e fazendas de criar; aproximadamente em 1803, houve imigração. Ao sul do Desemboque fica o Rio Grande
dividindo os Estados de Minas Gerais e São Paulo, em cujas mediações, mas nao muito próximo, está situado o Porto da Ponte
Alta, onde desembocavam diversas estradas com ligações para o povoado, causa talvez, de sua denominacao: Desemboque do Rio
Grande. Em 1807, divulgaram a notícia que os índios Caiapós haviam abandonado a região em demanda a Goias e Mato Grosso.
Neste mesmo ano transferiu-se para o Desemboque o Sargento Mor Antônio Eustáquio da Silva de Oliveira trazendo consigo parentes
e colonos. Era este natural de Casa Branca (Glaura), próximo de Ouro Preto. Em 27 de outubro de 1809, o Marquês João da Palma,
Governador da Capitania de Goiás, nomeou o Sargento Mor Antônio Eustáquio da Silva de Oliveira comandante e regente do sertão.
Em julho de 1810, formou-se uma bandeira chefiada pelo Sargento Mor Antônio Eustáquio da Silva de Oliveira, com o objetivo
de desvendar essa região, entre rios, e tomaram parte nesta expedição: Januário Luis da Silva, José Gonçalves Heleno, Manoel
Francisco, Manuel Bernardes Ferreira e outros. Partiram do Desemboque, atravessaram as campanhas dos rios da Prata, Tijuco
e Passa Três, atingindo o Rio Paranaiba nas imediações do local que mais tarde passou a denominar-se Porto de Santa Rita dos
Impossíveis, depois Santa Rita do Paranaíba e por fim Itumbiara. Cansados e com escassez de víveres e temerosos dos índios
Caiapós, regressaram ao ponto de partida. No percurso foram colhendo os viveres que deixaram ocultos nas copas das árvores
com previsão de regresso. Às margens de um ribeirão, nas proximidades de Engenheiro Lisboa, antiga estação férrea de Mogiana,
retiraram do esconderijo uma bruaca de couro cru contendo farinha deteriorada pelo tempo. Razão de lhe ter sido dada a denominação
de Ribeirão da Farinha Podre, cujo topônimo generalizou-se por toda a regiao e como tal tratada pelos Poderes Públicos. Essa
bandeira levou a fama para bem longe das grandezas da região. O Sertão da Farinha Podre foi denominado civil e eclesiasticamente
durante meio século, pelas autoridades goianas. Em 1812, o Major Eustáquio, nomeado curador dos índios, fez novas
incursões pelo sertão da Farinha Podre, acompanhado do capelão, Padre Hermógenes Casimiro de Araujo Brunswick, natural de
Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, ordenado em Sao Paulo a 2 de setembro de 1808. O padre foi o primeiro visitante da
Comarca de Novo Sul, Campanha do Prata, ou sertao do Rio da Prata e desempenhou com brilho o cargo de Deputado Provincial.
1816 As terras denominadas Sertao da Farinha Podre, pertencentes a Capitania de Goias, passaram para os domínios da antiga
Provincia de Minas Gerais, anexada a ouvidoria de Paracatu do Príncipe, julgado do Desemboque e Prelazia de Goiás. Auguste
Saint-Hilaire informou-se que em 1816, o DEschwege visitou a povoação do Desemboque, que se compunha de sessenta e cinco casas,
e apresentaram-se dois velhos bem dispostos e cheios de vigor, dos quais um tinha 108 e o outro 115 anos de idade. Desemboque
passou de cabeça de julgado a ser arraial, Lei nº 28 de 22/02/1836, suprira o julgado tornando-o um modesto distrito de Sacramento.
Em 1840, Desemboque passou a pertencer à Comarca do Rio Paraná com sede em Uberaba, foi a Vila pela Lei nº 472 de
31/05/1850. Em Desemboque os garimpeiros o povoaram com rapidez e do mesmo modo o abandonaram. Foi caminho e ponto de abastecimento
para os mineradores durante o fluxo de 1750 e 1800 a entrada da decadência. Hoje, Desemboque é um marco do passado, importante
na história do Estado de Minas Gerais e do País. É o berço na descoberta e desenvolvimento das cidades e fazendas, e
o começo e o fim do Sertão da Farinho Podre. Está adormecido, mas poderá despertar.
Texto extrado do Livro (Fagulhas
de Histórias do Triângulo Mineiro de Maura Afonso Rodrigues)
OUTRA VERSÃO SOBRE O
TRIÂNGULO MINEIRO _______________________________
O PONTAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO
INTRODUÇÃO
O presente
trabalho irá discorrer sobre a região do Pontal do Triângulo Mineiro, o
Patrimônio Arqueológico, suas descobertas, a participação do Poder Público e
seu conhecimento perante a comunidade. O seu aproveitamento no campo didático e
as medidas de proteção adotadas para esse patrimônio e seu destino. Esperamos,
nesse trabalho, contribuir para uma discussão e formulação de projetos para
serem trabalhados com o Patrimônio Arqueológico da região do Pontal e outras,
que possuem o mesmo problema
A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
A região
denominada Pontal do Triângulo Mineiro localiza-se na ponta do Triângulo
Mineiro, depois do Município de Uberlândia. É uma região formada por municípios
com menos de 100 mil habitantes, sendo o maior deles o Município de Ituiutaba.
São municípios com média a grandes extensões territoriais, formados por
vegetação do cerrado, alguns trechos de Mata Atlântica, com predominância do
Latossolo vermelho e, em algumas cidades, Latossolo roxo.
A bacia
hidrográfica da Região é a do Rio Paranaíba e a do Rio Grande
As bibliografias
sobre a pré-história da região são muitas, porém, sem divulgação e as pesquisas
historiográficas sobre a região, agora, começam a ser construídas, com a
instalação de Universidades, já que a maior parte da bibliografia sobre o tema
é de romancistas ou memorialistas.
Todos os que
escreveram sobre a história da região do Pontal do Triângulo, no século
passado, comentam sobre a existência de
índios, sem aprofundar no assunto, seja pela falta de conhecimento e pelas
restrições impostas pela dominação do homem branco.
AS INVASÕES
As primeiras
incursões e invasões de entradas e bandeirantes se deram, na região, a partir
do século XVIII por meio de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que saindo de São
Paulo, no ano de 1722 passou pelo Sertão da Farinha Podre, atual Triângulo
Mineiro. Essa bandeira era composta por 152 pessoas, entre as quais 3 frades,
20 índios e um mascate francês. Em sua longa trajetória, atravessou o Triângulo
e Pontal, de sul a norte, guiados pelo “aguilhão”, a bússola da época e
roteiros de antigas bandeiras, das quais não ficaram registros. Atingiu as
barrancas do Rio Grande, ao sul de Uberaba, descendo pelo Rio do Carmo, em cuja
foz, se formou mais tarde o Porto do Anhanguera, na margem paulista.
Atravessando aquele caudal em pirogas e embaúbas, atingiram a Ilha da Espinha
ou Porta da Espinha, no meio do Rio Grande. Dali galgou a margem oposta e pelos
córregos de Espinha, Baixa, Toldas Vau do Caiapó, local da travessia do Rio
Uberaba Falso, atingiu o ocidente da atual Uberaba, rumo a Lanhoso.
Atravessaram o Rio Uberaba Legítimo (Uberabinha), no vau do Roncador, em
direção ao Rio das Velhas Pequeno (atual Rio Araguari), local da atual cidade
de Indianópolis. Tomaram o rumo de Rio das Pedras (atual Cascalho Rico) e,
abaixo da foz do Rio das Perdizes atravessaram o Paranaíba, no Porto que ficou
conhecido como Porto Velho da Mão de Pau. Em território goiano atingiram o
local da atual fronteira mineira. Retrocedendo em busca do espigão divisor de
águas, cortaram o Estado em diagonal de nordeste a sudoeste, num belo Araxá,
chamado de Zona de Matogrosso, balizados pela Serra Dourada, atingindo, enfim,
onde foi fundada a velha capital de Vila Boa de Goiás, nome derivado de Bueno,
o invasor.
Os índios, que
foram designados de Caiapós, verdadeiros donos das terras, vendo que estavam
sendo invadidos, trataram logo de se protegerem e combateram com coragem o
invasor branco, que levava vantagem de suas armas com explosivos.
As entradas e
bandeiras descobriram ouro no norte de Minas e sertão de Goiás, atraindo a
vinda de mais invasores, que eram combatidos pelos Caiapós. O governo paulista,
então, contratou o senhor Urbano Couto de Meneses para construir uma estrada,
que foi aberta a foices e a machado, ligando o Rio Paranaíba ao Rio Grande,
atravessando o Rio das Velhas até chegar ao Arraial de Santana, futura Vila Boa
de Goiás. Na abertura dessa estrada intensas guerras ocorreram com a prática de
verdadeiras chacinas contra os habitantes da região. Os índios Caiapós lutavam
com coragem e bravura para tentar impedir a invasão desses homens facínoras.
Para combater os
Caiapós, o homicida e genocida, Dom Luiz de Mascarenhas, governador da
Capitania de São Paulo, estando em Vila Boa de Goiás, realizando um governo
itinerante, contratou outro homicida e assassino de Mato Grosso cuja alcunha
era Coronel Pires de Campos, acompanhado de seu comparsa e também assassino
João Godoy Pinto da Silveira, para o extermínio, por todos os meios, dos
índios. Esse acordo foi o primeiro ato de genocídio feito no Pontal do
Triângulo, sendo dado ao Coronel Pires de Campos a importância de uma arroba de
ouro, tirado do povo e o cargo vitalício de escrivão de Vila Boa.
Nesse genocídio
Coronel Pires de Campos contou com a ajuda de índios Bororós, inimigos dos
Caiapós, que foram iludidos pelos facínoras, esperando levar alguma vantagem.
Com a vitória de
Pires de Campos, ajudado pelos Bororós, dizimando várias tribos indígenas, o
caminho ficou livre para a instalação de 18 aldeias e postos militares, que
foram criados às margens da estrada, as quais foram entregues aos Bororós, entre
o Rio Grande e Paranaíba. Foram elas: Paranaíba, Rio das Pedras (atual Cascalho
Rico), São Domingos, Estiva, Piçarrão, Boa Vista, Furnas, Santana do Rio das
Velhas (atual Indianópolis), Rocinha, Uberaba, Tijuca, Lanhoso, Uberaba Falsa,
Toldas, Posse Espinha e Rio Grande. Os Bororós foram enganados e não receberam
títulos de suas terras nem carta de sesmeiros e, posteriormente, foram expulsos
das terras.
Com a doação de
sesmarias para os afetos dos coronéis e amigos da coroa portuguesa, a região
foi sendo povoada por homens brancos, que promoviam a retirada dos restantes
grupos indígenas organizados da região.
O primeiro
povoado do Triângulo Mineiro foi o do Julgado do Desemboque (Distrito do atual
Município de Sacramento), no ano de 1776 sob o orago de Nossa Senhora do
Desterro. Em 1807, o rábula José Francisco de Azevedo, vindo de Desemboque,
funda o Arraial da Farinha Podre, nas margens do Rio Lajeado. Mais tarde, em
1811, surge o julgado do Araxá e, no ano de 1817, o Capitão Antônio Eustáquio
da Silva Oliveira, curador dos índios da Farinha Podre, cria o Arraial de Santo
Antônio de Uberaba, elevado à Freguesia a 2 de março de 1820.
Em 1807, uma
bandeira saiu do Desemboque e invadiu os sertões do Pontal do Triângulo Mineiro
até às margens do Rio Grande. Nessa bandeira constam os nomes de Januário Luis
da Silva, José Gonçalves Heleno, Manuel Francisco e Manuel Bernardes Ferreira.
O termo “Sertão da Farinha Podre” teria surgido nessa bandeira. Eles colocavam
sacos de farinha no caminho para comê-los na volta. Quando voltavam
encontravam-nos apodrecidos.
Os resultados
dessa bandeira foram comunicados ao Capitão do Desemboque Antônio Eustáquio da
Silva e Oliveira, que fez chegar ao conhecimento de seu irmão o Tenente-Coronel
José Manuel da Silva e Oliveira, a quem estava submetida civil e
eclesiasticamente a região.
Já nomeado para
o cargo de Oficial de Regente dos Índios e Comandante desses sertões, o Coronel
Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira empreende em julho de 1810, empreende
outra entrada pelos sertões do Pontal do Triângulo, invadindo o mesmo,
juntamente com trinta homens. Nessa viagem passou ele pelos rincões do Prata e
teve o desejo de ali fundar uma freguesia. Causa essa que o levou a obter do
Governo de Goiás uma Sesmaria. Com a posse dessa sesmaria Antônio Eustáquio
doou uma gleba de terras para a formação do patrimônio de Nossa Senhora do
Carmo, atual cidade do Prata. A autorização para a construção da Igreja de
Nossa Senhora do Carmo foi concedida pelo Despacho de 13 de fevereiro de 1811.
Em 1810, o
Capitão Eustáquio organizou uma nova bandeira, da qual fez parte seu parente, o
vigário do Desemboque Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Bronswick. Depois
dessa bandeira o Capitão Eustáquio criou nova freguesia, mais perto da estrada
que vai para São Paulo. Através de seus esforços foi criada a freguesia de
Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba.
Em 1819, o já
então Major Eustáquio realizou sua terceira e última bandeira. Estava
acompanhado de João Batista de Siqueira (doador do patrimônio de Nossa Senhora
Mãe dos Homens, atual Município de Campina Verde) e do capelão Padre Pereira,
da capela do Aterrado, na então Freguesia de Jaci, atual Ibiraci. Foram
invadindo as terras ao sul do Desemboque, junto ao Rio Grande e chegaram a uma
Aldeia de Índios, formada por cerca de 200 moradores, onde se situa hoje o
Município de São Francisco de Sales. A aldeia foi visitada posteriormente por
padres da Congregação da Missão, instalada em Campina Verde até a expulsão dos
mesmos pelos grandes latifundiários, invasores.
CAPELAS CRIADAS NO SERTÃO TRIANGULINO
NO
SÉCULO XIX
- 1811 -
Provisão para a criação da Capela de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos
(Município do Prata);
- 1817 –
Oratório e depois Matriz de Santo Antônio e São Sebastião de Veraba (Uberaba), desmembrada
de Desemboque;
- 1818 –
Oratório de depois Capela do Santíssimo Sacramento do Borá (atual Sacramento),
filial do Desemboque;
- 1823 – Capela
de Nossa Senhora de Campo Formoso, atual Campo Florido, com patrimônio desde
1812;
- 1825 – Capela
de São Francisco das Chagas do Monte (Monte Alegre de Minas);
- 1832 – Capela
de São José do Tijuco (Ituiutaba), com patrimônio doado em 1820;
- 1830 – Capela
de Nossa Senhora Mãe dos Homens de Campo Belo (Campina Verde);
- 1836 – Capela
de Nossa Senhora do Carmo do Arraial Novo (Frutal);
- 1837 – Curato
da Missão de São Vicente de Paula (São Francisco de Sales);
- 1835 – Capela
de Nosso Senhor Bom Jesus de Cana Verde (Araguari);
- 1842 – Capela
de Nossa Senhora da Abadia do Bom Sucesso (Tupaciguara);
- 1842 – Capela
de Nossa Senhora do Carmo e São Pedro de Uberabinha (Uberlândia), sendo o
arraial da Tenda de 1837;
- 1850 – Capela
de Nossa Senhora do Carmo e Santa Maria Maior (Miraporanga);
- 1855 – 24 de
março – Capela de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista do Rio Verde
(Monjolinho);
- 1858 – Capela
de Nossa Senhora da Conceição do Garimpo (Conceição das Alagoas);
- 1880 – Capela
de São Miguel Arcanjo de Veríssimo (Veríssimo)
Com a doação de
sesmarias para o povoamento do local por homens brancos a região foi sendo
invadida por grandes latifundiários.
Com a
preocupação da formação religiosa e do atendimento dos sacramentos, vários
fazendeiros “católicos” doavam parte de suas terras para a formação de um
Patrimônio dedicado a algum santo da devoção. Com essa doação as dioceses
tratavam logo de enviar padres para tomar conta da propriedade doada à Igreja.
Na região do pontal as congregações religiosas tiveram um papel importante na
organização das primeiras paróquias sendo as principais os Estigmatinos em
Ituiutaba e os Lazaristas em Campina Verde.
O crescimento
das cidades deu-se em torno das Paróquias instaladas. Ou seja, em torno das
igrejas matrizes. Daí foi surgindo os distritos e as emancipações dos mesmos à
categoria de cidade.
A primeira cidade
a se emancipar no Pontal foi a cidade do Prata, desmembrada do Município de
Uberaba. Do Prata se desmembraram a maioria dos Municípios, que formam o Pontal
do Triângulo como Ituiutaba, Capinópolis, Cachoeira Dourada, Iturama,
Centralina, Araporã, Ipiaçu, Santa Vitória, Limeira do Oeste, União de Minas e
Gurinhatã.
A cidade do
Prata foi elevada à categoria de Distrito de Paz pela Lei Mineira nº 125,
sancionada pelo Presidente da Província, Bernardo Jacinto da Veiga, aos 13 de
março de 1839. O Termo da Vila de Uberaba foi dividido em 6 Distritos de Paz e,
entre eles, estava o “Distrito de Paz de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos”.
Por falta de
Templo adequado, aos 3 de abril de 1839, o Prata foi reduzido a Curato da
Paróquia de São José do Tijuco, criada nesta data.
Pela Lei nº.
164, de 9 de março de 1840, sancionada por Bernardo Jacinto da Veiga, criava a
Freguesia de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos, elevando o Prata a categoria
de Paróquia.
Em 1854, pela
Lei nº. 668, de 27 de abril, sancionada por Dr. Francisco Diogo de Vasconcelos,
o Prata foi elevado à categoria de Vila.
CURATO DE SÃO FRANCISCO DE SALES
Com a descoberta
do aldeamento indígena às margens do Rio Grande feitas pelo Major Eustáquio e
pelo Padre Davi Pereira, os bispados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais
fundaram o Curato das Missões, sendo o Padre Davi escolhido para a direção do
mesmo. Ali foram enviados três padres para a catequização dos indígenas: Padre
Jerônimo Gonçalves de Macedo, Padre Fortunato José de Miranda e Padre Serafim
José da Silva, todos da Congregação da Missão, com casa em Campina Verde.
Em 1835, Padre
Jerônimo visitou a Aldeia dos índios e batizou o lugar com o nome de São
Francisco de Sales. Erigiu um cruzeiro. Mais tarde, em 1845, com o auxílio dos
índios erigiu uma capela sob o orago de São Francisco de Sales. Com a saída do
Padre Jerônimo e o fim do Curato, os índios foram expulsos de suas terras.
A DISPUTA DO TRIÂNGULO MINEIRO
De 1660 a 1670,
o Sertão da Farinha Podre com os seus 94.500 km²
passou a ser cobiçado e invadido pelo homem branco. Deram-lhe vários nomes:
Sertão do Novo Sul, Sertão Grande, Sertão Sul e Geral Grande. A partir de 1884
ficou conhecido como Triângulo Mineiro, denominação idealizada pelo Dr. Raymond
Enric des Gennetes, médico francês, jornalista e político, radicado em Uberaba,
por saber que a região situada entre o Rio Grande e o Paranaíba, terminava na
junção dos dois rios, formando o Rio Paraná, apresentava a forma aproximada de
um triângulo. Dr. Raymond e o Coronel Fortunato da Silva Botelho, residente em
Araxá e chefe do Partido Político Liberal, planejavam fazer do Triângulo uma
República, mas sem sucesso.
Pela carta régia
de 09 de novembro 1709, o território mineiro foi unido ao paulista, formando,
então, a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Onze anos mais tarde, pelo
alvará de D. João V, aos 2 de dezembro de 1720, as terras mineiras foram
desmembradas das de São Paulo, criando-se, por força de Lei, a Capitania de
Minas Gerias. A Capitania de Goiás foi criada em 1744, por D. João V vinte e
quatro anos mais tarde. A Capitania de Mato Grosso data de 1748.
O primeiro homem
branco a pisar as terras do Sertão Grande, em 1663, foi o bandeirante e invasor
paulista Lourenço Castanho Tarques. Partiu de Embaú, hoje Cruzeiro, atravessou
o Rio Grande, percorreu o planalto oeste do Sertão Sul, aproximou-se dos índios
Araxás e, após dura jornada, chegou ao Vale do Paranaíba, no Pontal do
Triângulo.
Em 1745, D. João
V. conseguiu do PAPA Benedito XIV a criação das Prelazias do Mato Grosso e
Goiás, passando estas a abranger o Desemboque e Araxá. Diante dessa divisão
eclesiástica o governo goiano começou a
alegar o “Uti Possidetis”, alegando o direito de posse sobre as terras anexadas
pela Prelazia, marcando, inclusive eleições para a cidade de Paracatu, no norte
mineiro. Em 1750, o governador mineiro, Dom Marcos de Noronha, começou a
reagir, declarando que o Julgado de Paracatu pertencia às Alterosas. Esse
litígio ocorreu até 20 de outubro de 1789, quando o Arraial de São Luiz e
Santana foi elevado à categoria de Vila como nome de Vila do Paracatu do
Príncipe. Para solucionar a questão das terras o Governo Mineiro nomeou o
Mestre de Campo, assassino de quilombolas, Inácio Correa Pamplona, conhecedor
da região e o Governo de Goiás enviaram o Sargento-Mór Álvaro José Xavier.
Dirigiram-se à região em litígio e, após vários estudos e acordos, chegaram à
conclusão de que o território do Sertão da Farinha Podre pertencia a Minas
Gerais.
Por volta de
1760, chega em Desemboque o luso Padre Félix José Soares, apelidado de Padre
Pequenino, que veio de Mariana, onde sofria fortes represálias por pregar
contra a Derrama. Arrebanhou um grupo de 120 cidadãos de Desemboque e região e
foi até Vila Boa de Goiás, onde se uniu ao Governador de Goiás, Dom João Manuel
de Melo, que ordenou à Companhia de Dragões de Goiás marchasse sobre o Arraial
do Desemboque e de lá expulsasse as autoridades e todos os demais, que não se
subordinassem à autoridade do Padre Pequenino, constituída pelo Governador de
Goiás. Dom João Manuel de Melo, com seu prestígio na corte, conseguiu de D.
Maria I o alvará, que anexou todo o território do Sertão da Farinha Podre ao de
Goiás. Aos 4 de abril de 1816 o Príncipe Regente, D. Pedro I, atendendo a um
manifesto redigido em Araxá, encabeçado pelo vigário Padre Francisco José da
Silva e do guarda-mor Adriano Fernandes da Silva, após consultar o Governador
da Província de Minas Gerais, desmembrou os julgados de Araxá e Paracatu da
Província de Goiás e anexou-os novamente à Província de Minas Gerais.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA,
Waldemar de Almeida. 1985. Dicionário da
Terra e da Gente de Minas. Belo Horizonte - MG. Imprensa Oficial
BORGES, Benedito
Antônio Miranda Tiradentes. 1996. Povoadores
do Sertão do Rio da Prata.Uberaba-MG. Editora Vitória Ltda.
74. História Antiga de Ituiutaba.4ª Edição. Ituiutaba - MG
NUNES, Pe. José.
História Religiosa e Política de São
Francisco de Sales – MG – Triângulo Mineiro. Divinópolis-MG. Editora Sidil
TEIXEIRA,
Edelweiss. 1953. “Evolução Histórica de Ituiutaba (1810 – 1902)”. In: Revista Acaiaca. Belo Horizonte
- MG.
Imprensa Oficial p. 195. __________________________________________________________________________________
ITUIUTABA
I T U I U T A
B A
(Evocação)
Belo Horizonte, agosto de 1965
(Aloísio Novais)
I (rio) TUIU (tijuco)
TABA (cidade)
Do
Tupi-guarani tão belo nome –
São
José, Vila Platina, que saudade:
Longe,
sinto tristeza que me consome.
Do lugarejo simples e empoeirado de outrora
Das belas tardes e das manhãs sempre festivas –
Sinto reportar-me a ele a toda a hora
Em recordações ternas, saudosas e evocativas.
A
serra “D’Aroeira” lá na campina verdejante
Marco
eterno a emoldurar a linha o horizonte
Do
planalto extenso e infinito que não se acaba.
E aqui, o “Tijuco” parece sempre murmurar
Uma prece em seu doce e contínuo marulhar
Para que Deus Guarde essa querida ITUIUTABA.
“Infeliz de um povo que não tem história”.
ALOISIO SILVA NOVAIS
Área do município ........................................................................ 2.694 km²
Altitude
.............................................................................................
604m
POPULAÇÃO
Urbana ...............................................
aproximadamente 70.000 habitantes.
Rural
................................................................................. 20.000 habitantes.
LIMITES
Da
área primitiva do município de Ituiutaba, se desmembraram, inicialmente, os distritos de Santa Vitória (Lei nº 336, de 27/12/1948)
e o de Capinópolis (Lei nº 1.039, de 11/12/1953), ambos elevados à categoria de município.
Já em 30/12/1962, por força da Lei nº 2.746 (Estadual) emanciparam-se também os dois restantes distritos:
o de Gurinhatã e o de Ipiaçu, que alcançaram a condição de municípios autônomos, voltando Ituiutaba a constituir-se novamente
de um só distrito, ficando destarte assim configuradas as divisas territoriais deste município, tendo em vista esta
última Lei.
LIMITES ATUAIS
A NOROESTE, divide-se com o Estado de Goiás, pela margem esquerda do rio “Paranaíba”,
daí, rio abaixo até a barra do córrego do “Buriti”, quando se iniciam os limites com o município de
IPIAÇU, segue pelo córrego acima até sua cabeceira, e daí em rumo reto até alcançar a nascente do córrego do “Macaco”,
seguindo por este abaixo até sua foz com o rio do “Tijuco” (margem direita), onde começa a divisa com o
município de GURINHATÃ (OESTE), continua rio acima, passando pela confluência deste com o rio da “Prata”,
e continua por este último rio acima, pela sua margem direita até encontrar a barra do córrego do “Monjolinho”,
do outro lado do rio da “Prata”, portanto margem esquerda do mencionado rio, continuando ainda fazendo divisa
com Gurinhatã, pelo córrego do “Monjolinho” acima, até a sua cabeceira, (SUDOESTE), e desta, em rumo reto
até alcançar a serra do “Botafogo” ou “Arantes”,
onde se inicia a divisa com o município de CAMPINA VERDE, pelo veio da mencionada serra, seguindo à esquerda, (SUL),
até o rumo da cabeceira do córrego da “Divisa”, e por este abaixo até sua barra com o rio da “Prata”(margem
esquerda), e por este acima até sua confluência com o ribeirão do “Douradinho” (margem esquerda do rio
da “Prata”) onde começa os limites com o município do “Prata”), continuando pelo “Douradinho”
acima (margem direita), até à barra com o córrego do “Barreiro”, e por este acima até sua cabeceira (SUDESTE),
e daí em linha reta, até alcançar os altos da serra de “São Lourenço”, continuando ao longo desta, até
atingir a direção da cabeceira do córrego do “José Paula” (LESTE), e por este abaixo até sua barra
com o rio do “Tijuco” (margem esquerda), passando neste ponto a dividir com o município de Monte Alegre
de Minas (LESTE) em pequena extensão, ao longo do rio do “Tijuco”, até sua barra com o córrego do
“Retiro” (ainda à margem esquerda do “Tijuco”), quando passa ter divisas com o município de
CANÁPOLIS, pelo referido rio do “Tijuco”, até sua barra com o córrego da “Cotia”, do outro
lado, ou seja, em sua margem direita (do “Tijuco), e ainda dividindo com Canápolis, e pelo córrego da “Cotia”
acima até sua nascente (NORDESTE), e desta, pelo veio do espigão até encontrar o morro do “Bauzinho”
(NORTE), mas antes, na fazenda do “Tavares”, pouco acima da cabeceira do ribeirão dos “Baús”,
(margem direita), se inicia efetivamente a divisa com o município de CAPINÓPOLIS (NORTE), que continua deste último
ponto até ao morro do “Bauzinho”, e deste, em rumo reto até a serra do “Baú Velho” (NOROESTE),
e desta serra, à direita pelo veio do espigão, até alcançar o córrego das “Flores”, águas vertentes, pela
sua margem esquerda, e nesta direção, até a barra deste com o ribeirão do “Queixada”, e daí até a foz deste
ribeirão com rio “Paranaíba”, sempre pelo veio do espigão, ficando o “Queixada” à direita desta divisa
com Capinópolis, quando a linha divisória chega novamente em frente ao Estado de Goiás, nossa divisa através do rio “Paranaíba”
(NOROESTE), aí se encontrando com o ponto inicial desta demarcação descritiva.
COMPLEMENTO
(Ampliação
da área urbana, de conformidade com a Lei nº 1642, de 28 de maio de 1974, publicada na 6ª página de “Cidade de Ituiutaba”,
de 29/05/1974, no seguinte teor):
LEI (MUNICIPAL) Nº 1642, de 28 de maio de 1974.
(Altera o Plano
Diretor Físico de Ituiutaba, constante da Lei nº 1362, de 10 de dezembro de 1970).
A
Câmara Municipal de Ituiutaba decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º - Fica incorporado à área urbana da cidade de Ituiutaba, o imóvel que tem os seguintes limites e confrontações:
Começa na Barra do Córrego do Carmo com o rio Tijuco; segue rio acima na extensão mais ou menos de 1.400 metros
até alcançar o perímetro urbano; vira á direita até alcançar a avenida dos boiadeiros; depois sobe a avenida dos Boiadeiros,
na extensão de 670 metros até a Rodovia BR-365; depois vai à margem da Rodovia até o Córrego do Carmo; desce a margem do Córrego
do Carmo encontrando o ponto de começo.
Art. 2º - Fica alterada a Planta de zoneamento de Uso do Solo, de fls. 7, do Plano Diretor Físico de Ituiutaba, para a incorporação da área mencionada no
art. 1º desta Lei, à sua Zona industrial.
Parágrafo Único – Faz parte integrante e complementar desta lei, nos termos do art. 3º da Lei nº 1.362,
de 10 de dezembro de 1970, a inclusa planta.
Art. 3º - Revogadas as disposições em contrário, entrará esta lei em vigor na data de sua publicação.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da presente lei pertencer, que a
cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém.
Dada na Prefeitura de Ituiutaba, aos 28 de maio de 1974.
Fued José Dib
- Prefeito de Ituiutaba -
HISTÓRIA ANTIGA DE ITUIUTABA
ALOISIO SILVA MORAIS
I - O INÍCIO E A EPOPÉIA DOS PIONEIROS
O topônimo ITUIUTABA é de origem tupi-guarani, cuja significação é a seguinte: “I” (rio), “TUIU” (tijuco), “TABA” (povoação, aldeia, cidade), portanto
– cidade do rio do tijuco.
Ituiutaba é parte integrante do Triângulo Mineiro, zona ocidental do estado de Minas Gerais, a qual tem os
seguintes limites: ao leste o restante do estado de Minas Gerais; ao norte o estado de Goiás e também o estado
de Mato Grosso e ao Sul o estado de São Paulo.
Ituiutaba fica entre dois grandes rios: “Paranaíba” e
“Grande”; entre dois rios médios: “Tijuco” e “Prata”;
entre dois ribeirões: “São Lourenço” e “São Vicente”
e entre dois pequenos córregos ela se iniciou: “Sujo” e “Pirapitinga”.
Ituiutaba se localiza, portanto, em pleno “planalto central”
do Brasil.
Antes de sua colonização, a região era denominada pelos índios “Caiapós”, que eram
os verdadeiros donos das terras. Denomina-se como “Caiapós” todas as nações indígenas que viveram nesta região.
Não houve até o momento um estudo científico para definir quais as verdadeiras nações indígenas habitavam no princípio na
região de Ituiutaba. Há indícios de índios “Aratus” na região devido ao achado de várias panelas indígenas de
formato cônico. Por toda a região são encontrados vestígios de civilizações indígenas.
PRÉ-HISTÓRIA DE ITUIUTABA
Tão pouco divulgada e tão pouco estudada
é a nossa pré-história. E não deveria ser, pois temos grandes testemunhos das passagens dos índios em nosso município. São
panelas indígenas, cacos cerâmicos, machadinhas, pedras lascadas e pedras polidas, que dão testemunho da existência de povos
pré-históricos em nosso município.
QUEM HABITAVA
NESTAS TERRAS?
Ainda não foi feita nenhuma pesquisa científica para dizer com mais precisão, que povos indígenas habitavam por aqui.
Segundo escritores antigos a região era habitada pelos índios Caiapós, outros falam em Tupis-Guaranis e Aratus. Enfim, só
através de estudos científicos poderemos realmente conhecer com mais clareza os povos que aqui viveram no passado, há milhares
de anos.
Esse material foi produzido pelos índios há milhares de anos atrás. São ferramentas de pedra polida, conhecido em arqueologia
como material lítico polido. Eles possuíam uma técnica de deixar a pedra polida para corte. É uma técnica que comprova a inteligência
daqueles povos. Toda a nossa região é cheia dessas pedras.
PEDRA DE RAIO
Essas machadinhas, também são conhecidas como PEDRA DE
RAIO.
Segundo
pesquisadores ela começou ter esse nome, porque os índios colocavam as machadinhas nas raízes das plantas em desenvolvimento.
E quando essas plantas estavam transformadas em grandes árvores, eles derrubavam a árvore e pegavam a machadinha com um cabo
feito pela raiz que se enrolou nela. Mas como eram muitos índios e muitos colocavam as pedras nas raízes das plantas, muitos
não pegavam a pedra e até esqueciam. Com o passar do tempo e com a saída dos índios, muitas árvores, hoje em dia, são derrubadas
pelos raios e nas suas raízes há machadinhas colocadas pelos índios. Sem saber da história, muitas pessoas achavam que as
pedras polidas eram trazidas pelos raios.
Foram encontrados pela equipe de trabalho do Departamento de Cultura três sítios arqueológicos que estão localizados
na região denominada Praião, Povoado de Santa Rita e Região do São Lourenço. Estes sítios arqueológicos comprovam a existência
de civilizações pré-históricas organizadas em nosso município. Possuíam formas de organizações próprias.
CACOS CERÂMICOS – SÃO LOURENÇO
Ituiutaba
está entre a região do Triângulo Mineiro com possibilidades de grandes descobertas na área arqueológica, pois em Cachoeira
Dourada, cidade vizinha, que já pertenceu a Ituiutaba, é grande o número de sítios arqueológicos lá encontrados.
O Triângulo Mineiro, em sua maioria de cidades, possui vários sítios arqueológicos. Em Cachoeira Dourada foram catalogados
mais de 10 sítios. Em Centralina existe uma das maiores descobertas de ossada pré-histórica. Perdizes, Cascalho Rico, Iraí
de Minas, Campina Verde, Carneirinho, Santa Vitória, Tupaciguara, Ipiaçu, Capinópolis, Canápolis, Araporã, Monte Alegre de
Minas e outros, possuem histórias comprovadas da existência de sítios arqueológicos.
Cachoeira Dourada por ser muito rica em caça e pesca atraía milhares de índios.
Deduzimos, então, que o Triângulo Mineiro era uma área com uma população indígena bastante grande. Haviam milhares
de nações indígenas espalhadas por esse Triângulo afora. Por isso que precisamos, urgentemente, de uma pesquisa voltada para
o resgate de nossa pré-história.
Segundo documentos e depoimentos antigos os índios Caiapós, aldeados às margens do Rio Grande, tiveram como protetores
os Padres da Missão, estabelecidos em Campo Belo (atual Campina Verde), que sempre os ajudavam ministrando-lhes os ensinamentos
religiosos e socorrendo-os materialmente. Estes índios habitavam numa aldeia indígena, batizada com o nome de São Francisco
de Sales (atual município de São Francisco de Sales), pelo Pe. Jerônimo Gonçalves de Macedo.
Em 1845, os indígenas com o auxílio de alguns agregados e sob a direção
do Pe. Jerônimo, edificaram uma igreja decente, embora desprovida de alfaias.
Foram os índios, os cavouqueiros e abridores das lavras e betas auríferas durante o grande ciclo do vulgo metal em
Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
Os índios formaram a vanguarda das audaciosas e prolongadas bandeiras paulistas. Saint Hilaire, o sábio viajante que
percorreu tantas regiões no país, na sua viagem às nascentes do Rio São Francisco, faz referências ao aldeamento de Sant’Ana,
sua fundação e aos índios do litoral, seus primeiros habitantes.
Na monografia de Nova Ponte, escrita pelo médico Soares de Faria,
afirma que a cinco léguas (trinta km) de Nova Ponte existiu a Aldeia de Sant’Ana do Rio das Velhas (atual Indianópolis).
Eram índios Xacriabás, vindos de Goiás, ali aldeados. Hoje já não existem: fundiram-se na população, ou talvez tenham voltado
ao primitivo habitat. Entre Uberaba e Frutal existiram até o século passado, os Bororós, que se transportaram para o Mato
Grosso. Os Caiapós e Panarás, até meados do século XIX, ainda viviam nos recessos do Triângulo Mineiro, como também o gentio
Goiás. Os Cataguás, que habitavam a Bacia do Rio Grande, foram batidos pela Bandeira de Lourenço Castanho, o velho. Sant’Ana
do Rio das Velhas foi fundada pelo Coronel Antônio Pires de Campos, que comandando um grupo de índios mansos Bororós, Parecis,
Javais e Carajás, em 1750, dali expulsou os temidos Caiapós.
Não se sabe como
tão grande quantidade de índios deixaram de habitar a região. Se foram dizimados pelos primeiros posseiros ou se fugiram para
o Brasil Central, ou, quem sabe, foram arrebatados pelo grande Deus Tupã.
Os primeiros posseiros brancos começaram a habitar a região entre
o córrego “Sujo” e “Pirapitinga”, com suas toscas casas
espalhadas pelo cerrado, povoação incipiente e ainda sem nome, isto até 1839, quando foi instalado o distrito de “São
José do Tijuco” pertencente ao termo de Vila de Uberaba, em razão da doação que fora efetuado pelos beneméritos pioneiros:
JOAQUIM ANTÔNIO DE MORAIS e JOSÉ DA SILVA RAMOS (Mais ou menos em 1820), sendo que, posteriormente, outro abnegado
posseiro: JOSÉ LEMES PEREIRA DOS SANTOS, também fez doação de terras na fazenda do “Carmo”, em benefício do novel
distrito.
Pela Lei nº 1360, de 1866, já Freguesia, recebeu em definitivo o nome de “São José do Tijuco”.
A doação primitiva tinha as seguintes características: iniciava-se na barra do córrego “Sujo”
com o “Tijuco”, pelo córrego acima até a junção deste com o córrego “Pirapitinga”, por este acima
até sua cabeceira, e desta, pelas serras até à cabeceira do córrego do “Burrinho”, por este abaixo até seu encontro
com o ribeirão de “São Lourenço”, por este abaixo até sua barra com o rio do “Tijuco” e por esta abaixo,
até o ponto inicial; medindo tal doação légua e meia de norte a sul e uma légua de leste a oeste, destinando-se tal doação,
acrescidas pela gleba doada por José Lemes Pereira dos Santos (“Carmo”), à Paróquia de “São José do Tijuco”;
sendo que em 1910, quando agente executivo da então “Vila Platina”, um de seus maiores benfeitores –
Fernando Alexandre Vilela de Andrade, por seu intermediário, o patrimônio da mitra diocesana foi adquirido e incorporado ao
município, numa transação inteligente, que custou apenas a importância de DEZ CONTOS DE REIS...
Por força da Lei Estadual nº 139, de 16/09/1901, o então arraial de “São José do Tijuco” passou
a denominar-se “Vila Platina”, ocasião em que se desmembrou do município do Prata, fazendo parte integrante da
nova comuna, os distritos de “São José do Tijuco” e “Nossa
Senhora do Rosário da Boa Vista do Rio Verde”- o arraial do Monjolinho era sede do atual município de Campina Verde.
No dia 1º/01/1902 é que se instalou, em “VILA PLATINA”, seu primeiro governo municipal, quando
foram empossados os seguintes dirigentes:
Agente Executivo
(Prefeito) – AUGUSTO ALVES VILELA
Presidente
da Câmara – PIO AUGUSTO GOULART BRUN
Vice-Presidente
– TOBIAS DA COSTA JUNQUEIRA
Secretário
– AURELIANO MARTINS DE ANDRADE (LICAS)
Vereadores:
ANTÔNIO PEDRO GUIMARÃES (MORAIS), CONSTÂNCIO FERRAZ DE ALMEIDA, MARINHO DIAS FERREIRA, JOSÉ DE ANDRADE E SOUSA, MANOEL TAVARES
DA SILVA, MANOEL JOAQUIM BERNARDES SOBRINHO, ANTÔNIO DA COSTA JUNQUEIRA E JOÃO EVANGELISTA RODRIGUES CHAVES (pelo distrito
de “Rio Verde”- hoje “Campina Verde”) cuja sede, por incrível que pareça, era no arraial de MONJOLINHO
do Prata.
Em 10/01/1902, foi sancionada pelo agente executivo Augusto Alves Vilela, a Lei Municipal nº 1, estabelecendo
a área urbana e suburbana da recém criada “Vila Platina” vazada no seguinte teor:
“Augusto Alves Vilela, Agente Executivo Municipal de Vila Platina”.
Faço
saber que a Câmara Municipal decretou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Fica compreendido como perímetro urbano desta vila a área contida dentro das seguintes divisas:
Principiando-se na rua da Bela Vista (hoje rua 16), por esta acima até a de Antônio Cesário (hoje princípios da Av.17-A);
por esta acima até a ponte de Maria José (mais ou menos onde hoje é a esquina da Av. 21 com Av. 17-A); pela rua Belo Horizonte
(hoje av. 21) até seu final e daí à rua da União (hoje rua 24); por esta abaixo até o Largo, passando por baixo da casa de
Roberto Zocolli e até a rua José Martins (hoje av. 7), e por esta abaixo até à rua Bela Vista (hoje rua 16).
Art. 2º - O perímetro suburbano: ficam compreendidos todos os terrenos na extensão d’ um quilômetro
para cada lado do urbano.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades e mais funcionários a quem o conhecimento e execução desta Lei pertencerem,
que a cumpram e façam cumprir inteiramente como nela se contém.
O Secretário da Agência Executiva a faça publicar e correr.
Gabinete da Agência Executiva de Vila Platina, 10 de janeiro de 1902.
O Agente Executivo Municipal – AUGUSTO ALVES VILELA.
O Secretário – COLETO DE PAULA”
Em 1915, Ituiutaba foi elevada a TERMO JUDICIÁRIO com o nome atual de ITUIUTABA (cujo significado foi
esclarecido no início desta obra), através da Lei nº 663, de 18-09-1915, que alterou a divisão judiciária do Estado,
continuando, entretanto, a pertencer à comarca do Prata; mas somente foi oficializada esta Lei pelo Decreto nº 4759, de
25-04-1917, quando foi marcada a data para a instalação do Termo, o que se efetivou em 06-07-1917, com a posse do primeiro
juiz municipal – Dr. Luiz Jefferson Monteiro da Silva.
Muitos trabalhos tiveram os pró-homens de então, para que fosse criada a comarca em Ituiutaba, o que foi possível
em virtude do art. 7º, da Lei nº 879, de 24-01-1925, redigido nos seguintes termos: “Fica transferida para Ituiutaba
a sede da comarca de Monte Alegre, constituindo o atual território, de que se compõe este município, termo pertencente à comarca
de Uberabinha”.
A instalação da Comarca de Ituiutaba, teve lugar no histórico dia 12-04-1925, sob a presidência do
Dr. NEWTON BERNARDES RIBEIRO DA LUZ, que foi também o primeiro juiz de Direito de Ituiutaba.
É de se esclarecer que foi o nome Ituiutaba, um neologismo ameríndio, feliz escolha do então líder político
desta região, senador e intelectual – CAMILO RODRIGUES CHAVES, um dos batalhadores para a inteira emancipação político-administrativa
da terra tijucana.
Temos que admirar e enaltecer o denodo daqueles que deram início ao gigantesco trabalho de colonização deste
maravilhoso rincão, os quais, anonimamente, se encarregaram do desbravamento da terra ainda bruta e virgem.
Os primeiros posseiros, se instalaram na zona sul do município, por ser mais fácil o trato e o trânsito nesta
região descampada, pois ao norte, estava a quase impenetrável “mata do
Paranaíba” cujo cultivo só foi possível, em virtude da inquebrantável tempera de nosso caboclo.
Além de inúmeras dificuldades, um dos maiores inimigos de nossos heróicos desbravadores, era representado
pela terrível malária (maleita ou impaludismo) e carência de transporte, o que tornava a penetração árdua e morosa, principalmente
o de se vencer a mata virgem, sendo que este trabalho se iniciava com a derrubada das seculares árvores, a machado, processo
rudimentar, e manual, após o que, aproveitando a área, plantava-se no tipo de “roça de Toco”. Algum tempo depois
tudo era transformado em magníficas invernadas de capim ”Jaraguá”. Iniciava-se nova “derrubada”, numa
seqüência rotineira, ao mesmo tempo em que se construíam: sítios, cercas, drenagens, pontes, estradas, etc.
Assim, numa luta titânica, enfrentando as condições agressivas da própria natureza, mas escudados na maravilhosa
fertilidade do solo, considerado um dos mais férteis do mundo, no lado esquerdo do rio Paranaíba, a colonização atingiu as
margens desse caudaloso rio, nossa divisa com o estado de Goiás.
Com a expansão e progresso do município e aumento extraordinário de sua população urbana e principalmente
rural, foram criados no município de Ituiutaba, os distritos de Santa Vitória, Capinópolis, Gurinhatã, Ipiaçu e Cachoeira
Dourada, os quais, por sua vez, também se transformaram em municípios, desmembrando-se
do de Ituiutaba, o que no entanto, não alterou o seu desenvolvimento e progresso.
De início, e até mais ou menos o ano de 1925, precárias eram nossas condições de transporte , pois, o “carro
de bois” era praticamente nosso único veículo transportador, o qual, com sua lentidão peculiar, gastava inúmeros dias
de viagem, às vezes quase um mês, de ida e volta aos nossos fornecedores de então: Uberaba e São Pedro de Uberabinha (hoje
Uberlândia); o que vem mostrar, que apesar de moroso, foi sempre uma constante o desenvolvimento da terra Ituiutabana, aliando-se
à sua evolução histórica.
As estradas, as velhas estradas que nos ligavam aos demais pontos habitacionais da região, eram as seguintes:
A que nos ligava com Uberaba, iniciando-se em direção ao “São Lourenço”, depois “Três Barras”, Prata,
“Rio do Peixe” e Veríssimo. Com a então Uberabinha (hoje Uberlândia): Depois de atravessar o Tijuco, “Córrego
Fundo”, Fazenda dos “Ingleses” e Monte Alegre.
Com destino a Barretos (São Paulo) – Existiam duas: uma via Prata e outra via Campo Belo (hoje Campina
Verde), sendo que se encontravam em “Areias” passando depois por Frutal, “Rio Grande” e “Laranjeiras”.
Para a zona de Santa Vitória, “Porto Feliz”, e “Canal de São Simão”: Via “Campo
Alegre”, rio da “Prata”, “Santa Bárbara”, “São Jerônimo”, “Santos Fortes”
e “Patos”.
Para a região do “Campo Alegre”, diretamente, existia uma estrada, que, saindo para os lados do
córrego do “Carmo”, margeava o “Tijuco”, ao longo de sua margem esquerda.
Para os lados de “Cachoeira Dourada” e “Largo dos Baús”: Atravessava-se o “Tijuco”
(na velha ponte levada pela enchente de janeiro de 1958), tomava-se o rumo da serra da “Mamona”, depois, “Porteira
do Serrote”, “Ponte Alta” e “Barreiro da Cachoeira”.
Para o “Barreirão” e “Fundão”: Atravessava-se a velha ponte do “Tijuco”,
tomava-se a direção do “Bebedouro”, “Ribeirão dos Baús”, “Córrego do Açude”, “Mosquito”,
“Macaco” e “Vertentinha”, seguindo-se ao longo da margem
direita do “Rio Tijuco”.
Para a zona do “Queixada” e “Sapé”: a mesma estrada inicial, para quem desmandava
a o “Barreirão” (roteiro anterior), mas, nas imediações da serra dos “Baú Velho”, a estrada certa
era a da direita, passando-se por “Três Barras” e “Quilombo”.
Naturalmente outras estradas existiam, mas sempre se cruzando ou complementando as principais ora descritas,
e não deve ser esquecida a que se dirigia para o “Salto da Prata”, em direção ao córrego da “Chácara”
“Monjolinho” e “Botafogo”, atravessando a região de “São Vicente”, córrego da “Picada”,
“Aldeia” e “Salto”.
Estradas que serviam para o escoamento do gado, para as longas viagens dos monótonos e lerdos “carros
de bois”, dos tropeiros, dos cavaleiros e também dos andarilhos, pois, naquela época ainda não existiam por aqui os
veículos motorizados.
Os vestígios de tais estradas, testemunhas mudas de um tempo bastante distanciado, ainda poderão ser vistos
pelos sulcos deixados pelos cantantes “carros de bois”, de suas rodas, que tanto ajudaram o progresso de toda
esta imensa zona; dos trilhos das boiadas e das tropas; é só se dirigir para os lados do “São Lourenço”, “Burrinho”,
“Carmo” e “Tijuco”, onde se encontram parte dos antigos
“Corredores”, os quais, no seu triste abandono, contam também a epopéia e a história pretérita da terra tijucana.
II - OS CICLOS
A PECUÁRIA
No
início, e mais ou menos até a década de 1930, a economia do município girava quase totalmente em torno da pecuária, pois a
par das magníficas invernadas, bem assim, dos campos e cerrados com forragem natural, com que foi dotado este município, era
mesmo a principal atividade comercial de então, quando o fazendeiro, obedecendo regra da época, criava e vendia o bezerro
depois de desmamado, reservando, as fêmeas, no intuito de aumento do rebanho. Tal procedimento, que passou de geração a geração,
embora seguro, permitia que a parte financeira se enfeixasse em poucas mãos, limitando assim a expansão e distribuição do
dinheiro.
Os
compradores, inicialmente oriundos do município de Passos, cidade situada no sul de Minas, dominaram por longos anos o comércio
de gado nesta região, posteriormente tais transações passaram a ser efetuadas através de compradores paulistas, mais notadamente
dos invernistas de Barretos, cidade onde se instalara modelar Frigorífico de empresa inglesa para exportação de carne, tradicional
estabelecimento que perdura até os dias de hoje.
Em
virtude do advento da agricultura, diminui o número do rebanho bovino, mas, se diminuiu em quantidade, melhorou em qualidade,
e Ituiutaba possui um dos melhores tipos de gado zebu, tanto na parte de reprodutores, como no tipo para exportação.
E
aquelas imensas fazendas, verdadeiros latifúndios, foram sendo repartidas naturalmente, racionalmente nas heranças advindas,
motivando tais divisões mais facilidade para a expansão rural, todos tirando proveito da dadivosa terra ituiutabana.
O GARIMPO DE DIAMANTES
Houve
época no período de 1935 a 1945, em que o garimpo de diamantes, tomou praticamente o domínio das atividades e da economia
ituiutabana. Instalou-se nas cascalheiras, ao longo do rio do “Tijuco”, um dos maiores agrupamentos de garimpeiros
que se teve notícia na história de nosso País .
O
saldo positivo, com a implantação do garimpo, foi mínimo, quer como contribuição ao progresso, quer como contribuição histórica.
Como
se sabe, o garimpeiro é um “nômade”, ele está onde a fama do garimpo lhe reclama a presença e apesar de que nos
garimpos do “Tijuco” fossem encontrados maravilhosos diamantes, tanto no leito do rio bem assim, nos “Monchões”
e nas “Grupiaras”, foi efêmera a faiscação de pedras preciosas neste município, e assim como começou, também terminou,
quase que de repente, transferindo a ilusão do garimpeiro para outros garimpos mais promissores...
A AGRICULTURA
Foi
com o desenvolvimento da agricultura, principalmente da lavoura mecanizada, em larga escala, aproveitando-se da extraordinária
fertilidade de seu solo, que Ituiutaba teve sua verdadeira redenção econômica.
Possuindo terras apropriadas, oferecendo facilidade no seu amanho, por extensas faixas planas, deu um verdadeiro salto
do plantio rudimentar ao processo mecanizado no cultivo de cereais.
O
pioneiro da lavoura mecanizada, neste município, foi o inesquecível Sr. ADELINO DE OLIVEIRA DE CARVALHO, digno e honrado filho
desta terra, que fez arar o primeiro terreno para fins agrícolas em 1920. Isto por anos consecutivos, na fazenda então de
sua propriedade, denominada “Cachoeirinha”, situando-se este local, à margem direita do rio “Tijuco”,
ao alto, quase em frente à “Barra do Córrego Sujo”.
Como
já foi dito, até então lugares escolhidos para os plantios de cereais, a denominada “roça de toco”, ocorria após
a derrubada da mataria; esperava-se certo tempo para secar, quando se fazia a “queima” das árvores abatidas. Efetuava-se
então o que se chamava “desencoivarar”, ou seja, arrastar para fora, no ombro do próprio trabalhador, toda a madeira
que fosse aproveitável, plantando-se então os cereais, com enxada ou enxadão, nos intervalos dos troncos maiores, em covas
alternadas. Já a colheita, tanto o corte do arroz, como a “quebra” do milho e “secagem” do feijão,
(que eram os principais cereais da época), o empilhamento, a “bandeira”, tudo era manual, muito complicado e difícil.
Hoje
Ituiutaba se orgulha de possuir um dos maiores parques agrícolas mecanizados do país, apresentando-se como um dos municípios
mais evoluídos, utilizando todos os modernos implementos agrícolas tão necessários à racional e progressiva produção, tendo
em vista que Ituiutaba é um dos maiores produtores de cereais de todo o Brasil,
principalmente de arroz e de milho.
Para
Ituiutaba, foi maravilhosamente benéfico este ciclo, que veio cristalizar sua base econômico-financeira, tendo este município
se transformado quase que numa só seara, sendo conhecido como “Capital do Arroz”, graças principalmente, às suas
inigualáveis e fertilíssimas terras.
Já
se nota, aliás em bom tempo, a diversificação da lavoura, com plantio alternado, com a vantagem de uma safra compensar a outra
evitando-se, outrossim, a natural saturação do solo.
Lamentavelmente,
a derrubada das matas foi efetuada sem qualquer planificação, o que ocasionou uma devastação quase total. Não se cuidou da
conserva ou replantio das árvores abatidas, já se fazendo necessário acurado estudo para um reflorestamento metódico, tendo
em vista as necessidades da região.
Hoje,
fica para lembrança, desta saudosa época, os grandes armazéns onde estavam instaladas as máquinas de arroz. São enormes imóveis
com pé-direito bastante alto, com paredes bem grossas de formato retangular, que aparecem em várias partes da cidade.
A INDUSTRIALIZAÇÃO
Pelas
pesquisas efetuadas, pode-se afirmar que a primeira tentativa de se estabelecer uma indústria em Ituiutaba, foi representada
por uma fábrica de cerveja, de propriedade do saudoso Sr. JOSÉ CÂNDIDO DE SOUSA, cerveja que tinha a marca “Estrela”,
isto em 1910, e ficava referida fábrica onde hoje é esquina da rua 22 com avenida 19, mas de pouca duração.
Mais
ou menos em 1915, foi instalada a primeira máquina de beneficiar arroz,
de propriedade do Sr. JOSÉ TEMÍSTOCLES PETRAGLIA, de parceria com seu sogro Sr. ANTÔNIO SEVERINO, sendo que a mencionada máquina
era movida à força hidráulica, e situava-se à margem direita do córrego “Sujo”, abaixo da junção deste com o córrego
do “Carmo”, não muito distante da barra do “Tijuco”. Até hoje, aquele local é conhecido como “Poço
da máquina”; e é de se anotar, que tal máquina prestou grande benefício aos habitantes de então, por vários anos, pois
antes o arroz era “limpado”, ou nos tradicionais “monjolos” ou nos “pilões” domésticos
onde era socado à mão.
Mais
ou menos de 1922 a 1925, o Sr. ANTÔNIO RODRIGUES CHAVES, montou a primeira máquina de beneficiar algodão deste município,
que teve pouca duração, por motivos vários, principalmente pela falta da matéria prima.
Ainda
na década de 1920, organizou-se uma firma composta dos senhores: Januário Betone, Armando Fratari e Gustavo Maia de Menezes, com a finalidade precípua da industrialização da madeira, e ficava esta serraria onde
hoje se situa o quarteirão da rua 22 entre avenidas 17 e 19, tudo movido a eletricidade, mas, por motivos que se ignoram,
também teve pouco tempo de atividade, montando-se em seu lugar u’a máquina
de beneficiar arroz, que ali permaneceu por algum tempo.
Mais
ou menos, entre 1925 a 1930, por iniciativa do Sr. TONICO FRANCO, foi instalada nova máquina de beneficiar arroz, que ficava
no quarteirão da atual rua 20, entre avenidas 5 e 7, e, apesar de pequena, havia falta da matéria prima – o arroz -,
produto que mais tarde, viria ser a principal razão do progresso de Ituiutaba, que passou a ser denominada “a capital
brasileira do arroz”.
Somente
em 1938 teve Ituiutaba instalação de indústria duradoura que perdura até hoje, em crescimento sempre acentuado. Trata-se de
da firma “Baduy e Cia.”, que se transformou em indústria pioneira, em atividade sempre contínua, evoluindo sempre
na tradicional e respeitável “Indústrias Fazendeiras”, que congregava: várias máquinas de beneficiar arroz, máquinas
de beneficiar algodão, fábrica de óleos vegetais (algodão, etc.), fábrica da afamada manteiga “Fazendeira” (esta
adquirida de Mário Natal Guimarães), pasteurização de leite, havendo ainda possibilidades de ampliação de seu parque industrial.
Também
a fábrica de manteiga “Invernada”, que mantém inclusive grandes máquinas de beneficiar arroz e derivados, propriedades
de filhos do saudoso Miguel Jacob, indústria fundada antes de 1940, é motivo de orgulho desta comunidade.
Outras
indústrias vieram aos poucos aumentar o ritmo industrial de Ituiutaba, principalmente no que se refere ao setor de rizicultura,
contando atualmente com mais de 100 máquinas de beneficiar arroz e seus subprodutos.
Ituiutaba,
no momento, conta com as seguintes fábricas: de papel e sacos do mesmo material (1), de refrigerantes (1), de óleos vegetais
(3), de caramelos (1), de macarrão (1), de cerâmica (várias), de fertilizantes, beneficiamento do algodão, de calçados, de
sabão, de colchões, etc, etc.
Possui
Ituiutaba, um dos mais bem montados Frigoríficos do País, o Frigorífico Ituiutaba S.A, situado à margem direita do rio do
“Tijuco”, distando pouco mais de seis quilômetros da cidade, com tendência de ampliar sua expansão. Este Frigorífico,
construído em 1952, exporta carne para as grandes cidades de nossa Pátria, e bem assim, para várias nações estrangeiras.
Ainda
no setor industrial – histórico desta terra, deve-se assinalar, que mais ou menos entre 1925 a 1930, também o Sr. Clarindo
de Sousa Martins, tentou dotar Ituiutaba com indústria de banha, salames, mortadelas, salsichas, etc., à margem esquerda do
“Córrego Sujo”, onde o mesmo é cruzado pela Avenida 5-A.
III – EVOLUÇÃO POLÍTICA
A
evolução política da cidade de Ituiutaba segue a seguinte cronologia;
FUNÇÃO |
NOME |
DATA |
1º
Agente Executivo |
Capitão
Augusto Alves Vilela |
1902
- 1905 |
2º
Agente Executivo |
Tobias
da Costa Junqueira |
1905 |
3º
Agente Executivo |
Francisco
Alves Vilela |
1905
– 1907 |
4º
Agente Executivo |
Dr.
Fernando Alexandre Vilela de Andrade |
1908
– 1911 |
5º
Agente Executivo |
Coronel
João Martins de Andrade |
1912
– 1918 |
6º
Agente Executivo |
Antônio
Domingues Franco |
1919
– 1922 |
7º
Agente Executivo |
Coronel
João Martins de Andrade |
1923
– 1925 |
8º
Agente Executivo |
Antônio
Domingues Franco |
1925
– 1926 |
9º
Agente Executivo |
Augusto
Martins de Andrade |
1927
– 1931 |
10º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Dr.
Jayme Ribeiro da Luz |
1931
- 1935 |
11º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Dr.
João Alberto da Fonseca |
1935 |
12º
Prefeito Municipal |
Adelino
de Oliveira Carvalho |
1936
- 1940 |
13º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Jayme
Veloso Meinberg |
1940
- 1945 |
14º
Prefeito Municipal |
Dr. José Américo de Macedo |
1945 - 1946 |
15º
Prefeito Municipal |
Dr.
Camilo Chaves Júnior |
1945 |
16º
Prefeito Municipal |
Dr.
Camilo Chaves Júnior |
1946 |
17º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Dr.
Adolfo Mário de Andrade |
1946 |
18º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Dr.
James de Barros |
1947 |
19º
Prefeito Municipal “Nomeado” |
Dr.
Omar de Oliveira Diniz |
1947
- 1948 |
20º
Prefeito Municipal |
Mário
Natal Guimarães |
1948
- 1951 |
21º
Prefeito Municipal |
Dr.
David Ribeiro de Gouveia |
1951
- 1954 |
22º
Prefeito Municipal |
Antônio
de Souza Martins |
1954
- 1958 |
23º
Prefeito Municipal |
Dr.
David Ribeiro de Gouveia |
1958
- 1962 |
24º
Prefeito Municipal |
José
Arcênio de Paula |
1962
- 1963 |
25º
Prefeito Municipal |
Dr.
Rodolfo Leite de Oliveira |
1963
- 1964 |
26º
Prefeito Municipal |
Geraldo
Gouveia Franco |
1964
- 1966 |
27º
Prefeito Municipal |
Samir
Tannús |
1966
- 1970 |
28º
Prefeito Municipal |
Dr.
Hildo Alves Gouveia |
1970 |
29º
Prefeito Municipal |
Dr.
Álvaro Otávio de Andrade |
1971
- 1973 |
30º
Prefeito Municipal |
Dr. Fued José Dib |
1973 - 1977 |
31º
Prefeito Municipal |
Acácio
Alves Cintra Sobrinho |
1977
- 1983 |
32º
Prefeito Municipal |
Romel
Anísio Jorge |
1983
– 1988 |
33º
Prefeito Municipal |
Dr.
Gilberto Aparecido Sobrinho |
1989
- 1992 |
34º
Prefeito Municipal |
Dr.
João Batista Arantes da Silva |
1993
– 1996 |
35º
Prefeito Municipal |
Dr.
Públio Chaves |
1997
– 2000 |
36º
Prefeito Municipal |
Dr.
Públio Chaves |
2000
- 2004 |
37º
Prefeito Municipal |
Dr. Fued José Dib |
2005 - 2008 |
38º Prefeito Dr. Públio Chaves
2009
39º Prefeito Dr. Luiz Pedro
Correa do Carmo 2010....
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
DE CAPINÓPOLIS – MG
Os primitivos habitantes do território foram os índios caiapós e alguns elementos da tribo Panariá. Eram nações que
habitavam a região próxima ao Rio Paranaíba e aos diversos ribeirões do município. Viviam
da caça e, principalmente, da pesca, pois a região, antes da instalação das usinas hidrelétricas na região, era muito rica
em pescados. Foram achados diversos vestígios das civilizações pré-históricas no município
de Capinópolis.
Os
primeiros colonizadores que se tem notícia foram donos de sesmarias: Alferes José Rodrigues da Silva, Da. Francisca Ângela
da Silva e José Luciano Teixeira, como os primeiros a se fixarem nessa região, por volta de 1810. Como a região era vastíssima
a sesmaria ainda não era toda conhecida pelos colonos. Acreditamos que os índios foram saindo pouco a pouco da região e sendo
dizimados por investidas de várias bandeiras que vinham limpar o local da presença dos índios.
No dia 09 de janeiro de 1893, saíram
de São João Del Rei, sul de Minas, o sr Joaquim Maximiano, sua esposa Maria Francisca e quatro filhos, com tropa de animais
cargueiros, aqui chegando no dia primeiro de março de 1893, acampando primeiramente na beira de um córrego, hoje denominado
Córrego do Capim, próximo ao local onde hoje se encontra a ponte de saída para o município de Cachoeira Dourada.
Como nesse tempo essas terras estavam abandonadas, os mesmos se apossaram de uma área e foram adquirindo outras, formando
um grande latifúndio.
Depois de alguns meses, resolveram construir um ranchão, de madeira, no local onde hoje é a fazenda do sr Joaquim de
Almeida, onde seria sua sede principal.
O sr Joaquim
Maximiano de Almeida, na época com 31 anos de idade e sua esposa Da. Maria Francisca de Jesus, 27 anos de idade, tiveram quatro
filhos. Começou o plantio de café na região onde permaneceu. Seu filho Jerônimo Maximiano da Silva nasceu no dia 28 de fevereiro
de 1896, na região denominada hoje, Fazenda dos Baús. Essas terras foram adquiridas pelo seu pai. Desde menino auxiliava seu
pai no plantio e colheita de café e outros produtos para serem vendidos em Uberlândia e Uberaba. O transporte desses produtos
era feito em carro de bois. Aos 22 anos de idade, Jerônimo Maximiano da Silva casou-se com Maria Silvério do Prado, filha
de Luiz Bento Parreira e de Matilde Severino da Silva, da região do Córrego do Açude. Recebeu terras por doação de seu pai
Joaquim Maximiano de Almeida. Em 1921 aumentou sua área rural adquirindo terras de Francisco Isaías da Silva e outros. Nessa
época o plantio de café, mandioca, cana, milho e arroz se desenvolveram em sua propriedade e o aglomeramento de pessoas foi
aumentando em torno de uma área de capim. O capim Jaraguá era nativo e servia para a alimentação dos animais, daí surgiu o
nome do lugar “Capim”. As construções das casas eram de pau-a-pique e foram aumentando fazendo com que o arraial
do Capim crescesse também.
Nos fins do século XIX e meados do século XX, com a vinda de negros de origem escrava, nordestinos, imigrantes libaneses,
japoneses e italianos começaram no Capim as bases de uma nova povoação.
Em 1927 o local da sede do Município era de propriedade do sr Jerônimo Maximiano da Silva, que resolveu lotear uma
parte da propriedade para a fundação de um povoado. No dia 05/07/1927 foi concluído o levantamento topográfico com o engenheiro
agrônomo José Cirilo de Paula, que foi contratado para esse fim, e foram vendidos vários lotes, mas como os compradores não
se preocupavam em construir, o sr Jerônimo Maximiano da Silva resolveu readquirir os lotes e ele mesmo tomou novas iniciativas
para o progresso do local.
A comunicação com o Município de Ituiutaba era feita por meio de estrada de bois. Para trazer o primeiro veículo ao
Arraial do Capim, um Ramona (camionete) ano 1927, foi construído um trecho de estrada ligando a estrada do Córrego do Açude,
passando pelo lado direito do Bauzinho e pelo Baú Velho. Na propriedade de Jerônimo Maximiano da Silva foi construído um engenho
de cana de açúcar. As canas para o engenho eram transportadas em carros de bois.
Com a instalação do Distrito e do Cartório do Registro Civil e casamento, Jerônimo Maximiano foi o Juiz de Paz e fez
o primeiro casamento no Distrito do Arraial do Capim.
Em 1937 construiu o prédio da primeiro grupo escolar, em 1940, com a ajuda de todos, construiu a capela de São Pedro
e um dos seus genros construiu o campo de aviação.
DESENVOLVIMENTO POLÍTICO
Em 31 de dezembro de 1943, através da Lei nº 1058, com território sob jurisdição de Ituiutaba – MG criou-se o
Distrito Arraial do Capim. Sua instalação deu-se a primeiro de janeiro de 1944. Explica-se o nome devido a uma coroa de capim
Jaraguá existente no local onde seria no novo povoado.
Em 12 de dezembro de 1953, através da Lei Estadual nº 1039 elevou-se a Município com o nome de Capinópolis com o distrito
sede e o distrito de Cachoeira Dourada.
A comunidade negra foi importantíssima no processo de emancipação da cidade, pois aqui havia um quilombo da época da
escravidão.
O Brasão municipal
foi criado pelo Decreto nº 108, de 05 de junho de 1968. As três coroas sobrepostas significam a evolução política de aldeia
para cidade. As faixas em escarlate simbolizam a fertilidade do solo agricultável, cortado por sulcos de drenagem e curvas
de nível, representando o progresso da técnica do sustento agrícola. As duas palmas que ladeiam o escudo simbolizam as diversas
categorias de culturas agrícolas.
Prefeitos:
Dr. Cássio Macedo
(1955 a 1958)
Odovilho Alves Garcia
(1959 a 1962)
Osvaldo Nozzela
(1963 a 1966)
João Batista Ferreira
(1967 a 1970)
Iolando Ângelo da Silva
(1970 a 1972)
João Batista Ferreira
(1973 a 1976)
Antônio Teodoro de Alvarenga
(1977 a 1983)
Osvaldo Prado
(1983 a 1988)
Cândido Antônio Vaz
(1989 a 1992)
Osvaldo Prado
(1993 a 1993)
Ibrahin Bechara Younes
(1993 a 1996)
Lucimar Batista Belchior
(1997 a 2000)
José Neto Santana (2001 a 2004)
José Neto Santana
(2005 a 2008)
Dinair Isaac
(2009..... )
GURINHATÃ
Gurinhatã surgiu como povoado no município de Ituiutaba. Foi criado o Distrito
de São Jerônimo, no mandato do Prefeito de Ituiutaba sr Adelino de Oliveira Carvalho entre 1936 e 1940 e foi instalado Distrito
de Ituiutaba em 31 de dezembro de 1943, no mandato do prefeito de Ituiutaba Dr. Jaime Veloso Mamberg, através do Decreto Lei
nº 1058 com o nome de Gurinhatã, que em linguagem indígena, no entender de Joaquim Ribeiro Costa, no seu "Toponímia de Minas
Gerais" vem a ser Guir - enhé - atá, "Ave que canta muito" e no entender do historiador Dr. Idelweis Teixeira, "Pequeno Pássaro
Azul", e para outros "Sanhaço Azul", nome da Euphonia Áurea, ave da família dos Tanacrídeos
(conforme o dicionário brasileiro).
Finalmente, a 30 de dezembro de 1962, pela Lei nº 2.764, com território desmenbrado
dos municípios de Ituiutaba e Santa Vitória, foi formado o município de Gurinhatã e elevado à categoria de cidade na gestão
do Prefeito de Ituiutaba sr José Arcênio de Paula, conservando a antiga denominação de Gurinhatã e com 2.040 Km2.
Com território formado em parte por terras massapê, excelente para a lavoura
e também pastagens naturais, Gurinhatã pode ser considerado um município em franco desenvolvimento, na importante microrregião
econômica do Vale do Paranaíba. Ligado aos centros comerciais por Rodovia asfaltada, sua sede dista 32 km por asfalto ligando
à Rodovia BR 365, que corta o município. Possui um distrito "Flor de Minas". Sua base econômica é a agropecuária, algodão,
amendoim, arroz, café, cana de açúcar, feijão, milho e soja.
Alinhado entre os municípios de grande extensão territorial de Minas Gerais
com 2040 km2 e com uma população de mais de 12.000 habitantes, essencialmente rural. Gurinhatã fica situado na mesorregião
do Triângulo Mineiro, parte norte e zona de influência de Ituiutaba e Uberlândia, na bacia hidrográfica do Rio Paranaíba,
principalmente através do Rio da Prata que faz trande parte de sua fronteira ao nordeste, como também pelo Ribeirão dos Patos,
ao sudeste, que se localiza entre o Rio Tijuco e Prata.
Os rios principais que cortam as terras férteis do município são: Rio da Prata,
Rio Tijuco, Ribeirão do São Jerônimo, Córrego do Cervo, Córrego do Monjolinho, Córrego do Brejão e Córrego dos Patos.
Sua sede situa-se entre uma cadeia de serras formando um verdadeiro pilão.
O município começa na cabeceira do Córrego do Monjolinho, da divisa com Ituiutaba
e Campina Verde, daí segue pelo espigão da serra, Morro da Mesa, dividindo com terras do município de Campina Verde, até encontrar
a cabeceira do córrego do Viseu, nma divida so município de Iturama e Santa Vitória, até encontrar o Ribeirão dos Patos, acima,
dividindo ainda com terras do município de Santa Vitória, daí seguindo pelo Córrego do Cervo, acima, bem como pelo Córrego
das Rosas, até encontrar a cabeceira do Córrego do Pilão, tudo confrontando com terras do município de Santa Vitória, deste
ponto por linha divisória até encontrar as águas do Ribeirão São Jernônimo, na barra do Córrego Mandassaia, daí segue pelo
Ribeirão do São Jerônimo abaixo até encontrar as águas do Rio Tijuco, encontrando neste ponto terras do município de Ipiaçu,
seguindo até encontrar a barra do Rio da Prata, daí Rio da Prata acima, dividindo com terras do município de Ituiutaba, até
encontrar a barra do Córrego do Monjolinho, daí segue Córrego do Monjolinho acima dividindo com terras do município de Ituiutaba,
até encontrar o ponto inicial desta descrição.
Os principais fatos importantes do Triângulo Mineiro
QUILOMBO DO AMBRÓZIO
Os negros tinham grande respeito por Ambrózio. Era seu líder, antes rei, um monarca na velha
África. Andaram a esmo pelo sertão durante vários meses e no caminho centenas de outros negros rebeldes se somaram ao seu
cortejo. A notícia de sua fuga percorreu toda a província. Por seu fim não tendo como levar tantas mulheres, crianças e velhos,
resolveu organizar um reduto fortificado pelos confins das Geraes ou Sertão da Farinha Podre (atual Triângulo Mineiro). Instalaram
um grande Quilombo para sediar os demais espalhados na região e o batizaram de Tengo-Tengo, em 1746, na colina próximo ao
morro do Espia, hoje cidade de Ibiá-MG. Fixaram um posto de sentinelas, os eternos guardiões do Quilombo.
O pequeno aldeamento foi crescendo com centenas de choças circulares, feitas de palhas e adobe.
Uma profunda vala rodeava o Quilombo, servida apenas por umas pinguelas removíveis, fortalecendo a cidadela. No funda da vala
espetos pontiagudos forravam o chão e, na margem interna, ergueram uma forte paliçada de quase quatro metros de altura. Isso
oferecia mais segurança para Ambrózio e seus quilombolas.
Os moradores do Quilombo atacavam constantemente
os tropeiros que se aventuravam por aquelas bandas. Até mesmo os viajantes que se arriscavam a trilhar pela Picada Real de
Goiás, não muito longe dali, eram poupados.
As riquezas obtidas nestes ataques eram confiadas ao grande líder que as distribuía entre sua
gente.
Ambrózio ainda acreditava nos sonhos de poder voltar à África natal. Era carinhoso com seu
povo e implacável com seus inimigos. Os chefes indígenas das tribos da região tornaram-se valiosos aliados no combate ao branco
invasor.
O ouro e a pedra preciosa, que não representavam nenhum valor para os aquilombados, foram reunidos
em grande tacho, que ficou famoso.
O governador das Geraes entrou em estado de alerta
total. A fama do tacho de ouro de Ambrózio se esparramou por toda a província, avivando a cobiça de muitos aventureiros.
O Conde de Valadares contratou os serviços do mestre de campo Ignácio de Pamplona para derrotar
os negros insurretos. Três expedições anteriores haviam sido derrotadas, vencidas pelos negros, sem ao menos alcançar a região
de Campos Altos (atual cidade de Campos Altos). Pamplona, seduzido pela fama do Tacho de Ouro e glórias partiu para o Oeste
levando consigo dois mil homens armados com mosquetes, bacamartes e uma artilharia pesada. Um arsenal incomparável diante
das flechas, lanças e foices e facões do inimigo.
Os negros ao saberem da vinda de Pamplona não entraram em pânico. Eles nutriam confiança e
fé por seu líder.
Lá em cima do Morro da Espia, os sentinelas fitavam o horizonte. Os tambores pararam de rufar
e as fogueiras foram apagadas. Muita tensão e expectativa na cidadela. E todos aqueles que não podiam lutar permaneceram no
Quilombo, orando aos seus orixás. Apenas o mato escuro de uma noite sem luar envolveu toda a região.
Chegava o fim da madrugada e o horizonte se avermelhava. Amanhecia. O silêncio era completo
na curva do rio. De repente, milhares de explosões, estrondo de tiros, crepitaram nas margens do rio. Arcabuzes, mosquetes,
canhões vomitavam morte sobre os negros de Ambrózio. Estavam sendo atacados por todos os lados, vítimas das emboscadas que
eles próprios armaram. Quatro horas de combates ininterruptos. Ambrózio havia sido traído.
Pamplona, carniceiro famoso de longa data, se deliciava diante da iminente vitória. Ao seu
lado um negro que vendera seu povo assistia com remorso à carnificina. Trocara a liberdade do povo negro por sua vida. Diante
dos invasores o negro agarrou um punhal e cravou-o no próprio peito.
Os vencidos foram amarrados e torturados. Entre milhares de corpos estendidos estava o de Ambrózio.
As águas do Rio Misericórdia foram tingidas de vermelho. Ambrózio com seu exército valoroso foi levado para o reino dos Orixás.
CAMPINA VERDE (ANTIGO CAMPO BELO)
Fundador: João Batista de Siqueira, líder carismático. Em 1823 Siqueira e sua esposa Da. Ana
Maria, em Mogi Guassu. Na Freguesia de Caconde Siqueira conheceu Da Bárbara,
descendente dos índios Caiapós. Filha de um cacique amigo de Siqueira. Mentiu para o cacique dizendo que era solteiro e casou-se
com Da Bárbara. Voltou a Mogi Guassu e matou sua primeira mulher. Sua cunhada veio com ele para o Caconde. Sua esposa com ciúme da ex-cunhada a matou com um cutelo.
Os dois fugiram para o Triângulo Mineiro. Siqueira comprou várias fazendas na região de Campo
Belo (atual Campina Verde).
Antes de sua morte, pois não havia filhos, arrependido ele e sua esposa, doaram todas as suas
terras para aos padres da Missão de São Vicente de Paula.
Os padres, que vieram do Caraça (importante colégio Mineiro) construíram um Colégio em Campo
Belo (Campina Verde) e vários alunos famosos como: Bernardo Guimarães, Dr. Eduardo
Augusto Montandom (Presidente da Província de Goiás), D. Orlando Chaves, Arcebispo metropolitano de Cuiabá, entre outros.
ESTRELA DO SUL
Antiga Bagagem foi fundada em 1722 por João Leite
da Silva Ortiz. Em 1853 foi encontrado o maior diamante da América do Sul, o Estrela do Sul. O achado do diamante foi assim:
Casimiro de Morais era um velho paralítico de 60 anos. Morava no Distrito de Joaquim Antônio,
à margem do Rio Bagagem. Ele tinha uma escrava de nome Rosa. Rosa era uma rosa negra, que refletia na cor a vocação para o
sucesso. Ela enamorou-se de um jovem negro, escravo, de nome Marcos. E marcos, também enamorou-se de Rosa. Os dois começaram
a se encontrar diariamente. Nas suas juras e projetos o jovem caal sentia uma muralha que se interpunha entre eles: a escravidão.
Rosa pertencia a um senhor, Marcos a outro. Certo dia Marcos achou um grande e belo diamante e foi correndo contar para sua
namorada. Rosa perguntou aonde ele tinha encontrado o diamante. Marcos respondeu que encontrou dentro dos limites do seu senhor.
Rosa disse: vai entregá-lo. Não é nosso. Mas Marcos disse: de jeito nenhum. É meu. Eu que encontrei. Esse diamante trará a
nossa liberdade. Rosa disse: se descobrirem te matam de pancada. Marcos retrucou: nada temas, porque ninguém viu. –
Que havemos de fazer? – perguntou Rosa. Marcos lhe disse para levar o diamante e apresentá-lo ao seu senhor, que era
bom, ao contrário o de Marcos era muito ruim. Marcos disse para ela entregar o diamante e pedir a alforria. Ele ia fugir e
encontrar com ela em um ponto combinado.
Rosa foi e apresentou o diamante ao velho Casimiro, que ficou muito contente e pasmo de felicidade.
O diamante Estrela do Sul era muito bonito e tinha uma coloração cor de rosa, inigualável em todo o mundo. Casimiro deu a
alforria para Rosa e um rancho para ela morar.
A notícia do achado estourou como bomba. Nos garimpos só se falavam no diamante. A imprensa
de todo o país falava no assunto.
O senhor do escravo Marcos, incitado por seus capatazes, achou que o diamante foi achado por
Marcos e entregue a sua namorada, Rosa. Mandou prender Marcos e torturou-o até à morte para ele confessar, mas ele não disse
nada. Insatisfeito o senhor de Marcos contratou um advogado para tentar ganhar a pedra, com muita cobiça, mas não conseguiu.
O sr Casimiro comissionou a Bernardo de Melo Franco para dispor da pedra. Este vendeu-a, no Rio, para um judeu de nome H.
Helphen pela quantia de trezentos e cinco contos de réis. Em Amsterdã, depois
de lapidada foi vendida ao príncipe indiano por dois mil e quinhentos contos de réis.
Casimiro morreu logo em seguida. A viúva emprestou todo o dinheiro a dois irmãos que nunca
mais lhe restituíram. A todos Rosa sobreviveu, ficou só e pobre.
CACHOEIRA DOURADA
Terra de lindas cachoeiras. As lindas cachoeiras sumiram do mapa dando lugar a uma usina hidrelétrica.
Neste cidade muitos sítios arqueológicos foram encontrados. Foi uma das maiores populações indígenas da Região e talvez do
Brasil. Muitos historiadores falam de imensas nações caiapós. Mas nada pode ser comprovado cientificamente. Até quando as
autoridades não terão interesse pela nossa história ?
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA
DOURADA
“Cachoeira Dourada! Como é solene a voz da catarata! Ela rumoreja em sonhos premonitórios,
arremedos de todos os ruídos do movimento e do trabalho. Tem o fragor dos dínamos e dos geradores; resfolega como as locomotivas.
Ronrona como os fusos, retine como as oficinas e entoa todas as ressonâncias onomatopáicas dos motores e dos maquinismos”.
Caiapônia, 2ª Edição – pág. 286
PRÉ HISTÓRIA
Cachoeira Dourada possuía uma das mais belas cachoeiras da região, dotada de beleza natural
rara. Ali vários peixes subiam para a piracema. Muitas matas com uma rica fauna e flora. Pedreiras de basalto e arenito completam
o cenário propício para a instalação de comunidades pré-históricas.
Os primeiros habitantes noticiavam a descoberta de artefatos líticos e cerâmicos, que comprovam
a existência de povos primitivos sobre o solo de Cachoeira Dourada.
Na Construção da Usina Hidrelétrica na cidade na década de 50, várias urnas mortuárias indígenas
(igaçabas) foram encontradas às margens do Rio Paranaíba, sendo uma guardada e preservada pelo sr. José Ferreira de Menezes,
sendo testemunha de um cemitério indígena no local. Infelizmente os artefatos arqueológicos não foram preservados devido à
falta de conhecimento da população e das autoridades da época.
Até os dias de hoje grande quantidade de material lítico e cacos cerâmicos são encontrados
em abundância na cidade, revelando que Cachoeira Dourada possuía uma grande concentração de povos pré-históricos, que habitavam
no local ou vinham de passagem em busca de alimentos e de ferramentas. Tudo isso merece uma pesquisa científica para o conhecimento
da pré-história da região.
INÍCIO DA COLONIZAÇÃO
Os primeiros homens brancos a pisarem o solo de Cachoeira Dourada de que se tem notícia foram
os participantes da bandeira de Antônio Leite, paulista, que partindo do Rio dos Bois, em 1824, contemplou a “Cachoeira
dos Dourados”, nome dado pela grande quantidade de peixe “Dourado”, que saltavam pela cachoeira.
Junto da portentosa queda d’água ficaram morando os primeiros posseiros e bravos sertanistas,
que conviviam com doenças como a verminose, a maleita e chagas. Com o tempo vieram mais pessoas atraídas pela beleza e feitiço
da Cachoeira, pela fartura da pesca e pela aglomeração de turistas, formando assim o primeiro povoado.
Pela escritura datada de 28 de março 1869, lavrada nas notas do escrivão de paz José Cândido
da Silva e Souza, de Vila Platina, atual cidade de Ituiutaba, no Livro 03, folhas 64v, José Martins Ferreira e outros doaram uma légua de terras para o Patrimônio de São João Batista de Cachoeira Dourada,
no barranco do Rio Paranaíba, na então Província de Minas Gerais, sendo meia légua rio acima, a contar-se da cachoeira, meia
légua rio abaixo e meia légua de largura em toda a sua extensão.
Dessa maneira o fazendeiro José Martins Ferreira deu o pontapé inicial para a formação de Cachoeira
Dourada, juntamente com outros homens “poderosos”.
A capela de São João Batista só foi construída no ano de 1909, quando o fabriqueiro da freguesia
de Vila Platina, Cônego Ângelo Tardio Bruno, vendeu as terras do patrimônio aos irmãos Camilo e Hilarião Rodrigues Chaves.
Os irmãos Chaves, adquiriram as terras com o povoado formado por pouco mais de 10 casas, assim
conhecido por “Feijoada” e que já possuía um pequeno cemitério.
Em setembro de 1927, a convite do Senador Camilo Chaves, o então Governador de Minas Gerais
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada visitou a portentosa queda d’água.
A fazenda dos Chaves, a Baú e Lagoa dos Baús, já com melhorias e expansão da área, foram vendidas,
em parte, em 1943. Já em 1944, o fazendeiro e Senador Camila Chaves, transfere o título de suas terras em Cachoeira Dourada
para seu filho Camilo Chaves Júnior.
Os primeiros estudos para o aproveitamento da queda d’água foram procedidos pelo engenheiro
Luiz Antônio Souza Leão, conforme relatório apresentado em 1948.
Com a notícia dando conta que a Usina Hidrelétrica seria construída, Cachoeira Dourada passou
em 1952, a experimentos e desenvolvimento populacional com a vinda de pessoas de várias regiões do país em busca de trabalho.
Este novo perfil contribuiu para que o povoado de Cachoeira Dourada, pertencente ao Município
de Ituiutaba desde seus primórdios fosse elevado em 1953 à categoria de Vila e sendo anexado ao Município de Capinópolis.
No mesmo ano o sr. José Ferreira de Menezes Júnior, oficial de farmácia, foi nomeado o primeiro escrivão de paz do antigo
povoado.
Em 1954 foi firmado em acordo entre o Governo Federal e a CELG (Centrais Elétricas de Goiás),
no qual aquele autorizou esta a construir a primeira etapa da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, com potencial de 37.800
cavalos.
Vencendo a concorrência para obras civis a CECOB (Companhia de Execução e Construção de Obras),
com sede no Rio de Janeiro, a obra teve a sua conclusão em 1956.
Com a construção de Brasília sob a direção da CELG, iniciou-se a segunda fase para a ampliação
da Usina para 190.000 cavalos, tendo-se encarregado das obras em conclusão as empresas CONVAP
Mendes Júnior.
Dado o vulto da obra, não mais seria possível a permanência da Vila, às margens daquela, dentro
do canteiro de serviço das obras.
A construção da Usina Hidrelétrica mudou em muitos aspectos a vida da população de Cachoeira
Dourada. Pode-se dizer que a cidade tem sua história em dois momentos: pré usina e pós usina, pelo tanto que o empreendimento
trouxe uma nova realidade para a cidade.
Assim, em 1962, foi decretada pelo Governo Federal, a desapropriação de toda a área marginal
acima e abaixo da queda d’água, pelo Decreto nº 927 de 27 de abril de 1962.
Posteriormente a CELG adquiriu do sr. Florêncio José Ferreira 06 (seis) alqueires no espigão
do lado mineiro e ali foi traçada e locada a nova cidade, tendo os moradores e proprietários da antiga vila sendo indenizados
e transferidos para o novo traçado.
Em 24 de agosto de 1962, iniciou-se a transferência dos habitantes, com a construção do primeiro
barraco. Aproximadamente 100 dias depois, a nova vila contava com mais de 410 edificações, distribuídas em 07 avenidas em
04 ruas.
A Vila de Cachoeira Dourada foi elevada à categoria de cidade, pela Lei nº 2.764 de 30 de dezembro
de 1962, sancionada pelo Governador de Minas Gerais José de Magalhães Pinto.
Em pleito realizado a 30 de junho de 1963, foram eleitos os senhores Dr. Camilo Chaves Júnior
para prefeito e Cloves Alencar Chaves para vice-prefeito. Para a Câmara Municipal foram eleitos os seguintes vereadores: Afonso
do Carmo, Adelino Martins de Paula, Jadir Souza, José Garcia de Araújo, João Clementino da Silva, João Gonçalves de Oliveira,
Joaquim Carolino de Souza, Raimundo Martins de Oliveira e como Presidente Deuclides Joaquim Severo. Todos foram empossados
no dia 31 de agosto, data que atualmente se comemora o dia da cidade.
A evolução política é a seguinte:
prefeitos:
1º Camilo Chaves Júnior – 1963 – 1964
2º Cloves Alencar Chaves – 1964 – 1966
3º Manoel Carolino de Oliveira – 1967 – 1970
4º João Gonçalves de Oliveira – 1971 – 1972
5º João Afro Dantas – 1973 – 1977
6º João Batista da Silva – 1978 – 1982
7º João Afro Dantas – 1983 – 1988
8º Públio Chaves – 1989 – 1992
9º José Emílio Ambrósio – 1993 – 1996
10º José Euler dos Reis Aquino – 1997 – 2000
11º José Emílio Ambrósio – 2001 – 2004
12º José Emílio Ambrósio – 2005 – 2008
13º Jerônimo Francisco Rufino – 2009
14º Walter Pereira Silva – 2009 .........
A evolução religiosa se deu com as primeiras igrejas cristãs instaladas na Vila. Embora as
terras doadas foram para a formação do Patrimônio de São João Batista organizado pela Igreja Católica Apostólica Romana, em
1869, a construção da Capela em honra ao Santo se deu somente em 1909.
Na década de 50 surgiu a primeira igreja protestante na Vila, a Igreja Metodista, pastoreada
pelo sr José Ferreira de Menezes Júnior, que também era o primeiro farmacêutico da Vila.
A paróquia de São João Batista, atualmente, não possui um vigário permanente, mas padres vindos
de outras paróquias, principalmente da paróquia de Capinópolis vem celebrar as missas semanalmente. O único padre residente
foi o frei Paulo Di Féo, italiano e franciscano que atuou como o primeiro padre da paróquia por muitos anos.
Atualmente outras igrejas foram se instalando na cidade como a Igreja Congregação Cristã, Assembléia
de Deus, Adventista do 7º Dia.
A cidade de Cachoeira Dourada possui um Centro Espírita.
Localização
O Município de Cachoeira Dourada localiza-se na Região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro,
ao norte, na divisa com o Estado de Goiás. Está situado na bacia do Rio Paranaíba, onde os principais rios são: Rio Paranaíba,
Corguinho, Córrego do Chatão, Córgão, Córrego da Lagoa Seca e Córrego da Escondida.
Faz divisa com os Municípios de Capinópolis e Canápolis (MG) e com o Rio Paranaíba, divisa
com Goiás.
Distância dos principais centros (km)
Belo Horizonte: 742
Rio de Janeiro: 1.210
São Paulo: 780
Brasília: 555
Vitória: 1.282
Principais rodovias que servem ao Município:
BR 365 e MG 154
Distância aos municípios limítrofes e mais próximos:
Capinópolis: 20 Km
Ituiutaba: 52 Km
Santa Vitória: 110 Km
Meio Ambiente
A área territorial de Cachoeira Dourada ocupa terrenos planos e suaves, ondulados, com declividades
inferiores a 8%, com solos derivados de derrames basálticos como o Latossolo Roxo Álico, horizonte e moderado, textura argilosa,
fase floresta subcaducifólia e relevo plano e suave ondulado, ocupando 85 e 15% da área municipal respectivamente.
As altitudes variam entre 415 m, na barragem de Cachoeira Dourada e 580 m nas cabeceiras do
Córrego do Barreiro.
O Rio Paranaíba é encaixado em fendas formadas nas rochas basálticas, em Cachoeira Dourada,
criando condições para o aparecimento de um desnível com cerca de 25 m, o que possibilitou a instalação da barragem com o
objetivo de gerar energia elétrica. A cidade de Cachoeira Dourada surgiu ao lado deste estreitamento do Rio Paranaíba, sendo
reformulada em 1962 para apoiar a construção da barragem e hoje está agradavelmente localizada às margens do Lago que leva
o mesmo nome da cidade.
A agricultura, no município, é extremamente favorecida pelas condições topográficas e pelas
características físicas dos solos, que apresentam textura, estrutura, porosidade e drenagem em excelentes condições para o
desenvolvimento de uma agricultura tecnificada. Apesar disso, são solos que necessitam de correção da acidez e neutralização
do alumínio tóxico para as plantas, operação rotineira com a aplicação de calcário ou gesso agrícola.
Milho, soja, algodão e arroz lideram a produção agrícola, produtos favorecidas pelas condições
climáticas propícias para essas culturas de verão.
São cerca de 1250 a 1300 mm de chuvas totais anuais, em média, concentradas de outubro a março,
com excedentes hídricos em torno de 200 mm. O período seco, de maio a setembro, apresenta deficiência hídrica em torno de
180 mm.
As temperaturas médias anuais oscilam em torno de 23,5º C, enquanto a média das máximas situa-se
em torno de 29,4º C (outubro) e a média das mínimas em torno de 15,9º C (junho)
Em virtude da elevada acidez dos solos, a vegetação nativa é constituída pelos cerrados. Apesar
de agropecuária representar um importante setor da economia municipal, o território de Cachoeira Dourada já está quase que
totalmente ocupado, não restando áreas disponíveis para expansão de novas lavouras. Ultimamente a pecuária tem dado lugar
à lavoura de cana de açúcar, devido às instalações de Usinas sucroalcooleiras na região.
População
Cachoeira Dourada possui uma população de 2.506 habitantes, segundo o Censo 2010. O gentílico
do município é cachoeirense.
O censo registrou uma população de homens de 1.250 e
1.256 mulheres.
A população urbana conta com 2.226 pessoas contra 280 pessoas na zona rural.
População Residente (1970-1980-1991-2000-2010)
Anos |
Urbana |
Rural |
Total |
1970 |
2.048 |
2.257 |
4.305 |
1980 |
1.511 |
835 |
2346 |
1991 |
1.728 |
556 |
2.284 |
2000 |
1.994 |
312 |
2.306 |
2010 |
2.226 |
280 |
2.506 |
O Município de Cachoeira Dourada vem perdendo população total até a década de 90, sofrendo
uma ligeira recuperação a partir do ano de 2000. Vemos no gráfico acima que a população urbana aumenta e a rural diminui,
configurando o êxodo rural existente em vários municípios do Brasil.
Há na cidade 1001 domicílios particulares, sendo 769 ocupados, 12 fechados, 95 de uso ocasional
e 125 domicílios vagos.
O eleitorado da cidade conta com 2.247 eleitores. O produto interno bruto per capita é de 14.580.14
(quatorze mil, quinhentos e oitenta reais e quatorze centavos.
Ensino
No município foram feitas 384 matrículas no Ensino Fundamental em 2009, 85 matrículas no Ensino
Médio, tendo 24 docentes para o Ensino Fundamental e 11 docentes para o Ensino Médio.
Saúde
Na cidade existem 06 estabelecimentos de saúde conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde)
Agropecuária
O Censo de 2010 registrou um rebanho efetivo de bovinos com 9.614 cabeças, 100 cabeças de equinos,
45 cabeças de suínos, 50 cabeças de ovinos, 2000 cabeças de rebanho avícola, 580 cabeças de vacas ordenhadas com uma produção
de 662 mil litros.
A produção de ovos foi de mil dúzias.
O município registrou uma produção de 40 toneladas de arroz em casca, gerando R$ 16 mil reais,
por hectare, em uma área plantada de 16 hectares, tendo um rendimento de 2.500 kilos por hectare.
O milho rendeu R$ 6.902,00 por hectare, numa produção de 18.825 toneladas em 3.450 hectares
de plantação.
A soja produziu 23.760 toneladas, rendendo R$ 11.880,00, em uma área plantada de 7200 hectares.
O sorgo produziu 13.840 toneladas, rendendo R$ 3.654,00 em uma área plantada de 4.800 hectares.
Fonte: IBGE
Transporte
O Município conta com um Terminal Rodoviário tendo a empresa “Viação Platina” como
servidora da linha Cachoeira Dourada – Uberlândia, passando pelas cidades de Capinópolis, Ituiutaba, Monte Alegre de
Minas e Uberlândia, com diversos horários durante o dia.
Atividades Culturais
O Município conta com uma Secretaria Municipal de Educação e Cultura, que é a gestora da Cultura
no município. A secretaria conta com um Conservatório Municipal de Música, que oferece aulas de violão, piano, instrumentos
de sopro e dança para os jovens e adolescentes da cidade.
A cidade possui um grupo de Catira e um grupo de Folia de Reis. Suas principais festas são
o aniversário da cidade comemorado no dia 30 de agosto, a Festa Junina no mês de junho, a Festa dos Santos Reis, comemorada
no dia 06 de Janeiro, o Carnaval e a Semana Santa.
Existe na cidade o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, que já promoveu o tombamento
da antiga escola de lata, que foi a primeira escola construída no município de Cachoeira Dourada.
CAPINÓPOLIS
Nesta cidade Juscelino Kubitsheck decidiu se candidatar a presidente da república em casa do
Dr. Paulo Rocha comendo guariroba com carne seca e quiabo.
ITUIUTABA
Cidade antes habitada por grandes nações indígenas. Aqui existem duas lendas muito importantes:
A lenda do Corpo Seco: Um homem muito mal vivia maltratando sua mãe. Chegava a espancá-la.
Um dia andando de carroça o cavalo emperrou e ele com raiva jogou sua mão no chão e montou em cima dela e começou a dar-lhe
esporadas. Sua pobre mãe dizia: -meu filho não faças isso, senão você morrerá seco. A maldição da mãe pegou no filho. Com
o passar dos anos ele começou a ficar seco até morrer. Enterraram ele na Serra. E num belo dia seu corpo estava em cima da
terra, ou seja, a terra não quis um homem tão mal. Levaram o corpo para a Igreja e a Igreja pegou fogo. Trouxeram, então,
o corpo de volta para Serra. Dali em diante ele ficava aparecendo e amedrontando quem por ali passava.
Lenda da Luz do São Lourenço.
Uma luz aparecia na Serra do São Lourenço. Também um índio ali aparecia para reclamar dos brancos
seu direito a terra.
SANTA VITÓRIA
Lugar de antigas civilizações indígenas. Possui uma Serra em forma de Tatu com muita beleza
natural.
O MONESV (Movimento Negro de Santa Vitória) é um exemplo de resistência negra com seu líder
Sebastião Francisco Ribeiro.
CANÁPOLIS
Lugar com achados arqueológicos. Possui uma bela cachoeira no centro da cidade.
CENTRALINA
A “Princesinha do Triângulo” aqui foi encontrado um importante sítio arqueológico,
na Fazenda Paiolão, com data de 4200 AP (antes do Presente). Esses habitantes pré-históricos foram chamados de o Homem do
Paiolão.
UBERLÂNDIA
Antiga Uberabinha, pólo industrial do Triângulo Mineiro. Seria a capital do Estado do Triângulo
Mineiro. Um Estado que muitos ainda lutam para criá-lo.
UBERABA
Terra de Xico Xavier, o patriarca do espiritismo.
GURINHATÃ
Lugar de lindas Serras. Aqui passou o “Monge” no início do século XIX, que fazia
milagres. Ele andava pelas serras e ficava cruzeiros onde parava. Nunca passava fome, pois sua tigelinha, milagrosamente nunca
ficava vazia.
TUPACIGUARA
Quando da instalação do Gasoduto que liga Brasília a Paulínea, passando por ali, várias pontas
de lanças pré-históricas foram achadas. Um marco na nossa pré-história, que infelizmente não tem sido valorizada por nossas
autoridades.
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