BIOGRAFIA DO AUTOR
Tobias Silva Ribeiro nasceu na Fazenda Arantes, município de Campina Verde, filho de Joaquim Camilo Ribeiro e Antônia
Maria da Silva, casou-se aos 19 anos com Maria Alves Ribeiro, 16 anos, vindo residir na Fazenda Matão, município de Gurinhatã.
Se tornou pai de três filhos Eustáquio, Júlio (falecido com um ano de idade) e Celma. Trabalhava na roça plantando, tirando
leite e auxiliando seu sogro, apesar de parecer um homem rústico e devido a sua profissão e ter cursado apenas a quarta séria
primária, Tobias é alto didata.
Nas suas horas de folgas lia incansavelmente todo tipo de leitura, adquirindo muito conhecimento em história do Brasil,
compôs vários poemas, poesias, trovas, contos e músicas, ficando no anonimato. Se interessava pelas histórias conhecidas pela
região, entrevistando pessoas mais velhas. Praticamente todas as tardes tocava seu violão e cantava com os trabalhadores da
fazenda.
Foi o fundador da primeira escolinha na fazenda Matão, por muito tempo foi uma espécie de conselheiro e socorrista na
região do Matão, esta muita habitada na época. Buscava parteiras ou levava as mulheres para a cidade quando seus bebês ia
nascer, socorria doentes em caso de emergência encaminhado ao médico, orientava e aconselhava casais.
No ano de 1963, Tobias foi eleito vereador da cidade de Gurinhatã. Em 1967, colaborou na fundação do Centro Espírita Amor
e Esperança em Gurinhatã. Em 1968, devido a necessidade de seus filhos estudarem mudou-se para Ituiutaba, nos finais de semana,
feriados e férias a família voltava para a fazenda, muitas vezes deixava seus entes em Ituiutaba para cumprir seus compromissos
de trabalhos rurais. No ano de 1985, depois dos filhos formados, casados e por coincidência residindo em Gurinhatã Tobias
voltou a morar na fazenda. Alguns anos depois mudou-se para Gurinhatã, reergueu a casa Espírita Amor e Esperança que estava
praticamente sem adeptos e dedicou-se a caridade juntamente com sua esposa. Quase todos os dias eles recebem pessoas que os
procuram pedido orientações e conselhos, sua casa não falta gente.
O maior prazer para Tobias continua sendo a leitura. Hoje, com 78 anos de idade, Tobias Ribeiro é um exemplo de fé, dedicação,
persistência no bem e um grande incentivador da cultura de nossa cidade.
APRESENTAÇÃO
Segundo as pessoas mais velhas que residem no município de Gurinhatã em um lugar denominado São Jerônimo Pequeno, no estado
de Minas Gerais, pelas afirmativas de Jerônimo Teodoro e de Dona Abadia e Gabriel Rodrigues e Dona Antônia já falecida e de
vários outros velhos que já faleceram mas, eu tive a oportunidade de conversar e entrevistá-los a história de Bento Côito
e seus companheiros. Dona Abadia foi mulher de um dos companheiros de Bento Côito, que era João Profiro. Até essa hora presente
ainda se encontra viva onde ela pode ainda afirmar tudo que vou contar...
CAPÍTULO I
No começo do Século XX, na zona rural de Gurinhatã na região de São Jerônimo Pequeno, residia Bento Côito, o homem mais
cruel que existia em toda redondeza do Triângulo Mineiro, junto com seus colegas que eram João Profiro e Vicente Paulista
esse último era genro de Bento Côito. Bento fazia proezas, crimes, desordem em família sem que tivesse um pingo de remorso.
Vou narrar a vocês algumas proezas de Bento Côito. Em 1º de Abril de 1905, Bento Côito encrencou com senhor Arvilino e disse
a vários que iria matá-lo, porque quem encrencasse com Bento era a última encrenca que fazia não tinha onde escapulir. Arvilino
também não gostava de enjeitar a parada, mas, não procurava encrenca, era sério e direito, muitos avisavam para Arvilino que
fugisse de Bento Côito mas, Arvilino não obedecia dizendo que Bento por ser valentão não fazia ele mudar de sua região, onde
ele tinha nascido e criado pois, gostava muito dali, por isto resolver evitar encontros com Bento Côito pois, jamais mudaria
daquele lugar. Em um certo dia mais ou menos 20 de Abril do mesmo ano Bento Côito lubrificou sua carabina em sua casa na vertente
e do Barro Preto perto de Gurinhatã e disse a sua mulher que se chamava Maria Lopes:
- Vou fazer uma farinha hoje com o Arvilino, vou mandar ele para as pedras de fogo.
Maria Lopes como era má de coração lhe respondeu dando uma gargalhada sombria. Ela respondeu:
- Coitada! Mais uma viuvinha na região... Porque você não brinca mesmo né?
Bento com uma voz brava e todo entusiasmado respondeu:
- Não, eu não me chamo fabricador de viúva! E lá por acaso fabrico viúvo também.
E saiu, Bento Côito com sua carabina e sua aguçada faca na cintura e foi afim de tirar a vida de mais um pai de uma numerosa
família. Chegando a casa de Arvilino muito sútil de pés no chão, como dizia os antigos. Deu um “de casa”
e vinha Arvilino alegre pois, pensava que era um de seus compadres que tinha ido passear, era dia ia de domingo aproximadamente
10 horas quando Arvilino saiu na sala bem depressa viu Bento Côito, quis virar para voltar foi tarde porque recebeu duas balas
de 44 no peito e seu corpo caiu sem vida no assoalho da casa jogando todo seu sangue nas fissuras e pela boca. Bento desaparecia
como se fosse uma sombra enquanto dona Doracina soltava seus “aís” abraçando seu próprio esposa que ainda
esguichava uma fita de sangue quentinho no peito de sua infeliz mulher que tinha acabado de viuvar com seus vários filhos
pequeninos. Dizia ao marido que ainda estrebuchava:
- Meu amor vai com Deus! Velai por mim lá nos céus aqui ficarei e cuidarei de nossos filhos de certamente com grande de
dificuldade sem você, como ainda precisava de você!
Mas, aquele cruel assassino tirou-lhe a vida. Bento, voltou para sua casa onde Maria Lopes te esperava com um molho de
frango toda entusiasmada de ter um marido valente. Esse não foi o primeiro crime de Bento Côito talvez fosse o 10º, ou mais,
todos na mais perfeita covardia, nas vendas que chegava todos tinha que beber a força e apanhar calado. Esse crime de Bento
Côito sobre o Arvilino foi a primeira vez que a polícia tomou providência. A família de Arvilino foi a cavalo na cidade do
Prata que era nessa ocasião a comarca dessa região. Onde a polícia veio afim de prender Bento Côito. Quando a polícia chegou
nessa região muitos ficaram sabendo mas, ninguém avisou Bento Côito, pois, porque todos ansiavam ver ele preso. A polícia
intimou Antônio Gonçalves e o senhor Sudário para ir em uma roça onde encontrava Bento trabalhando com seus filhos que se
chamavam: Bentinho e Patrício e seu genro e Vicente Paulista todos eram valentes e criminosos. Antônio Gonçalves e Sudário
ao chegar em certa distância perto de uma das estradas funda avistou os pilantras na roça, então pediu a polícia que não queria
ir lá, que os bichos eram aqueles que estavam lá na roça. Antônio Gonçalves e Sudário eram parentes de Arvilino. E ali ficaram
trincheirados no caminho fundo, mas tremeu como se estivesse de maleita, visando um tiroteio no mesmo instante Antônio Gonçalves
e Sudário não aguentavam nem agachados nem de pé e tremendo enquanto a polícia ira aproximando das feras do matão. Estavam
capinando a roça era mês de Novembro o sol ardia e o ar tremulava sobre o cinzeiro que espalhava por toda roça de toco na
medida que o ar tremia pela temperatura Antônio e Sudário tremiam de medo estava Bento e seus filhos cantando uma moda que
usava cantar nos mutirões eles ouviram um forte grito:
- Mãos ao alto!
Era o grito do tenente Galileu, quando quiseram correr foi tarde porque estavam rodeados de policiais depois de ter dando
busca em todos tomaram as armas de um por um, depois de ter dado busca em todos tomaram as armas de um por um, a polícia fez
com que Bento Côito e todos os seus companheiros tocassem viola no cabo da enxada e cantar a mesma moda que eles estavam cantando
e pular, dançando catira até ficar todos cansados e suados e, durante a dança a polícia fez uma composição de borracha nas
costas dos dançadores, depois que estavam os lombos bem riscados de apanhar e quase não aguentavam mais cantar e dançar catira
no meio da roça então, a polícia amarrou Bento Côito com as mãos para trás e tocou ele por diante até a cidade do Prata onde
ele respondeu esse crime, apenas este e não aos outros crimes. Durante este tempo que Bento Côito ficou preso quando não sei
o tempo que ele ficou na prisão as pessoas daquela localidade ficaram mais tranquilas. Seus filhos e genro que ficaram em
casa durante o tempo dessa prisão de Bento Côito, ficaram mais comportados pois, eles além de ter ficado sem seu chefe, ainda
aquela decepção que tomaram na roça dançando catira, apanhando e tocando viola no cabo da enxada deixaram eles bem educados
até a volta de Bento Côito da prisão. Mas, um dia infelizmente Bento Côito regressou de novo da prisão, então ai começou novamente
o pesadelo daquela gente de um sertão mineiro. Na chegada de Bento foi a chegada de um verdadeiro demônio encarnado, parece
que ele chegou mais diabólico com suas travessuras e desordem, tudo começou de novo seus companheiros que eles animavam com
o chefe que eles jugara morrer na prisão.
CAPÍTULO II
Uma certa ocasião o tenente Galileu saiu a procura de uns cavalos roubados, como estes animais eram de estimação de um
fazendeiro rico que residia na cidade do Prata ofereceu ao tenente Galileu uma boa quantia se desse conta dos animais então,
saiu o tenente com a polícia a procura de ciganos afim de verificar se achava os animais com eles. E o tenente soube notícia
de uns ciganos que possuíam cavalos mais ou menos iguais ao que procurava e veio na batida dos ciganos até sair na região
de São Jerônimo que ali se encontrava arranchados em uma cabeceira bem perto da residência de Bento Côito na vertente cumbuca.
O tenente procurando uma pessoa para ir até o acampamento dos ciganos encontrou a casa de Bento Côito que já era seu conhecido
por ter ficado preso por vários tempos, e disse ao Bento que ele fosse com ele até o acampamento. Então, saíram Bento Côito,
Vicente Paulista, João Profiro, Patrício e Bentinho. Quando o tenente viu aqueles homens saindo todos armados perguntou ao
Bento o que significava aquilo, Bento respondeu ao tenente:
- Os ciganos são valentes se formos de qualquer jeito estamos correndo perigo, é melhor o senhor deixar ir meus companheiros
também porque os ciganos têm armamento e muitos são atrevidos, talvez façam fogo contra nós. Se o senhor não quiser que meus
companheiros vão juntos e todos armados eu não terei coragem de ir, só se eu for intimado, mas, se isso acontecer você estará
correndo muito perigo. E o tenente sabia que que Bento tinha muita coragem e ficou com medo e resolveu deixar as cabras de
Bento ir. Que foram todos mal intencionados que eram chantageados por Bento, assim os ciganos abririam fogo contra a polícia
e o tenente e assim eles se vingariam dele que havia prendido Bento e chicoteado eles fazendo –os dançar catira
na roça. E saíram pela estrada, mais Bento e seus companheiros sempre ficaram pra trás e conversaram baixo uns com os outros
e tampavam a boca, ocultando a rizada zombeteira. Ao chegar perto das barracas dos ciganos, tinha ali umas estradas velhas
e trilha funda, e sempre a polícia na frente guiado por Patrício filho de Bento.
Ao chegar de vista as barracas, Patrício ficou para trás, perto da estrada velha também. O tenente notou a novidade nos
cabras, mas não deu por fé do golpe que usará, pensou que estivesse com medo dos ciganos, só pediu que Bento não usasse as
armas para não insultar os ciganos. Quando a polícia estava adiantado deles e tinha ficado uns para trás, perto dos trilhos
fundos, Bento deu tiros de carabina contra os ciganos. E os ciganos correram e pegaram suas armas e formaram um grande tiroteio
contra a polícia e os homens bravos. U m soldado caiu ferido, mas o tenente não soube se foram os tiros dos ciganos ou se
eram de Bento. A sorte do tenente e que quando ouviu o primeiro tiro de Bento, correu para trás em imediato antes que os
ciganos começassem a tirar, e trincharam com a polícia em trilhos fundos. No primeiro tiro de Bento o tenente percebeu que
era um truque de Bento, e gritava para Bento e os seus para não atirar, mas foi inútil, cada tiro que eles davam eram um cigano
que rolava, os ciganos por fim tentavam correr mais antes de distanciar caía agonizando pelas balas e chumbos que lhes atingiam,
por fim sessou –se o fogo dos ciganos, já estavam quase totalmente mortos, e Bento saiu furioso e gritando:
- Vamos acabar com o resto pela frente!
O tenente nesta hora com muito remorso e desorientado com aquilo, e deixou Bento Côito e os seus companheiros e foi embora
para socorrer um policial que estava agonizando ferido por uma bala. Quando Bento Coito percebeu que o policial havia afastado,
ficou completamente furioso, porque achará que que a polícia tinha ficado com medo. Só não ficou mais contente porque seu
plano não deu tão certo, pois queria que os ciganos tivessem matado o tenente e os policiais, com pena que se fosse preciso
ele acabaria de matar a polícia atirando contra eles, mas como não deu certo disfarçou sua fúria, matando os pobres ciganos.
Alguns ciganos correram e saíram desorientados, ficando somente os que morreram e as pobres crianças dos ciganos, quando eles
chegaram até as barracas todas furadas por balas e viram ciganos estendidos pelo chão por todos os lados, sangue corria como
enxurrada, e eles davam enormes gargalhadas e pegando aqueles menininhos pequenos e jogando –os para cima e os amparavam
com facas por baixo atravessando os pobres e inocentes com aquelas aguçadas facas.
Tinha entre os ciganos um menino mais ou menos de dois a três anos, saiu correndo e escondeu em uma touça de capim, quando
eles acabaram de matar todas as crianças eles foram em casa a fim de jantar e trazer enxadão para enterrar os pobres ciganos.
Na hora do tiroteio uma ciganinha por nome de Isabel, saiu correndo e escapou correndo pelo meio do cerrado, até sair em uma
casa que avistando uma mulher e pediu que a socorresse, porque tinha uns homens matando eles todos. A mulher muito apressada,
foi ao encontro daquela pobre ciganinha que estava com os olhos em pranto de lagrimas, e toda arranhada de japecanga e com
roupa toda rasgada. A mulher lhe disse:
- Venha cá vou te fechar em meu quarto se por acaso vier alguém aqui eu direi que não te vi.
Bento Côito e seus cabras quando chegaram em sua casa pareciam que tinham chegado do açougue estavam todos completamente
lambuzados de sangue. Bento diz Maria Lopes:
- Meu plano não deu muito certo a polícia e o tenente sumiram antes que os ciganos o matassem, mas nós fizemos uma boa
limpeza: matamos todos ciganos até os filhotes deles, nós matamos, agora e queremos jantar para irmos enterrar as bicharadas
em um só buraco.
Então, Maria Lopes com as risadas zombeteira disse ao Bento Côito:
- Eu duvido que vocês mataram todos os ciganos! Eu não acredito!
E Bento Côito disse furioso a Maria Lopes:
- Então, você está duvidando de mim? Vamos lá! Quero te mostrar a bandeira de ciganos mortos, e se eles viverem novamente
tornaria matar, não quero saber de ver esse bicho em minha frente quero acabar com a raça de todos os ciganos que aparecerem,
minha carabina não falha.
Então, Maria Lopes respondeu ao Bento Côito gozando um pouco barato:
- Se a sua carabina não falha então, o que falhou e deixou uma ciganinha escapulir?
Respondeu Bento Côito muito furioso:
- Onde você viu essa ciganinha?
Maria Lopes deu uma risada erguendo a cabeça para trás e disse:
- Eu vi ela correndo por ali e então corri atrás dela peguei e fechei ela ali no quarto.
Bento soltou uma risada diabólica batendo nas costas de sua esposa e disse:
- Ótimo serviço minha velha agora eu vi que você é brava mesmo!
E entrou Bento em imediato no quarto onde encontrou a pobre ciganinha que rogava ajoelhada por todos os santos que não
a matasse. Bento pegou ela na mais triste brutalidade com o cabo de cabresto amarrou com as mãos para trás e levou até o esteio
da casa pelo lado de fora e amarrou-a. E disse em gargalhada:
- Você fica ai amanhã vou divertir com você lá no meio do cerrado.
A pobre ciganinha rogava a Deus e pedia em socorro chorava desesperadamente mas, era inútil, era novinha de 13 anos de
idade, cor clara, cabelos pretos e compridos até seu bumbum, seus olhos eram castanhos e grandes, era uma bela criatura que
agonizava martirizada naquela casa diabólica.
Quando Bento Côito saiu com seus companheiros com os enxadões afim de enterrar os restos dos pobres ciganos, Maria Lopes
coou um café imediato e levou para a pobre Isabel que se encontrava amarrada em um canto do casebre maldito. Isabel disse
a Maria Lopes:
- Não quero café! Não insista!
Maria Lopes disse muito brava:
- Abra a boca por senão eu arrebento sua cabeça com esse pau!
Quando Isabel abriu a boca Maria Lopes despejou todo café quente de uma vez naquela boca inocente onde estremeceu de dor,
e Maria Lopes dava gargalhadas malfeitoras diante do martírio da ciganinha. Quando Bento Côito com seus companheiros chegaram
lá onde encontravam os defuntos ciganos encontrou um ciganinho que havia escondido na moita de capim. De longe eles viram
a pobre criança debruçada por cima de sua mãe que já encontrava gelada no chão, estava mamando em sua mãe morta saciando o
último leite que encontrava naquele ceio materno. Pobre criança! Não sabia que todos os seus familiares encontravam totalmente
destruídos... Estava mergulhado na inocência infantil apenas com dois ou três anos de idade. Quando ele viu Bento Côito com
seus companheiros chegando foi de encontro a eles dizendo que sua mamãe estava dormindo. Quando entenderam o que o menino
dizia gargalhavam de uma só vez diz João Profiro ao menino:
- Vou te fazer dormir também!
E, pegando a pobre criancinha deitou ele de costa no chão pisou em seus bracinhos de maneira que a criança ficou entre
suas duas pernas. O menino gritava de dor enquanto os demônios gargalhavam assistindo aquela terrível cena. João Profiro tirou
da cintura uma faca bem pontuda alojou no peitinho da criança procurando a localidade do coraçãozinho. E disse:
- Quero ver o coração dele balançar esta faca! Vocês querem ver?
E começou a empurrar a faca em direção ao coração da criança que soltava gritos desesperados quando a faca pegou o coração
ele largou a faca espetada no peito da criança onde ela estremecia na medida que estremecia o coração da criança. O pobre
menino foi estrebuchando e apagando a luz de seus olhinhos, João Profiro tirou a faca vermelhinha de sangue e com a língua
limpou-a e guardou-a na bainha novamente. E, virando o menino com os pés a criança estava mole ... Dormiu e disse:
- Dormiu também! Nunca mais vai mamar em defunto!
Depois de ter assassinado o último ciganinho que ali tinha ficado, furaram um enorme buraco de espécie sarjeta e enterraram
todos ali e voltaram para suas casas.
CAPÍTULO III
Daquela família só restavam a ciganinha Isabel e dos ciganos solteiros que escaparam e fugiram quase loucos de terror
e tristeza sumindo desesperados. E cada criminoso foi para suas casas, João Profiro morava mais longe um pouco, Bentinho e
Patrício moravam com seu pai Bento, Vicente Paulista genro de Bento Côito morava bem perto da casa de seu sogro. E a pobre
ciganinha passou a noite inteira em maior sofrimento porque sabia que suas horas estavam contadas tinha vontade que chegasse
a hora marcada para cessar aquele triste sofrimento que acelerava as batidas de seu coração e maculava sua alma.
Passou a noite rezando e pedido que Deus desse forças para resistir tamanho sofrimento, seus cabelos compridos que estendiam
sobre as costas brilhava com o claro da lua parecendo uma santa que estava mergulhada na solidão imensa de uma vida amargurada
seus cabelos estavam molhados do sereno e seus olhos estavam inchados de tanto chorar e sua cor que era rosada estava pálida
e abatida, foi a figura que ao sair do sol Bento viu ao levantar de sua cama depois de ter dormido uma tranquila noite para
ele.
Bento foi até o rego de água e lavou sua monstruosa cara e voltou para dentro de sua casa afim de tomar um café com broa
e, reiniciar seus crimes cruéis. Depois de ter tomado café saiu na porta da cozinha e gritou chamando Vicente Paulista para
ir com ele até no alto do cerrado para dar fim a vida de uma criatura inofensiva que se encontrava amarrada no canto de sua
casa e lá na sua casa ele conversou gritando com o Vicente Paulista:
- Vicente! Venha vamos ao alto do cerrado para matarmos essa pestilenta pobre Isabel.
Nesta hora, sentiu uma agulhada em seu coração, o mundo escurecer e sua alma pular dentro de seu triste corpo tentado
libertar. Quando Vicente chegou eles desamarraram a pobre ciganinha e Bento Côito com a carabina de tira colo no pescoço,
pegou ela pelos cabelos e disse:
- Vamos! Vai morrer agora mesmo! Acompanha-me!
Vicente com o enxadão no ombro e uma faca na mão ia atrás, a pobre Isabel tentava não ir, firmava para trás, mas, Bento
puxava seus cabelos com força e Vicente Paulista fincava-lhe a faca nas nádegas e o sangue jorrava na mesma hora. E, assim
levava a pobre ciganinha ora arrastava ela, quando ela caia no chão fazia-lhe levantar a ponta pés e o Vicente novamente efetuava
o ato cruel e, assim chegaram em um determinado lugar no meio do cerrado bem perto de um cupim. E o Bento disse:
- Aqui mesmo! Não vou mais arrastar essa eguinha ruim de puxar.
As pernas da pobre ciganinha estavam tomadas de sangue que desciam devidamente o ato cruel das facas nas nádegas, seu
corpo estava todo roxo de tanto tomar ponta pés por ambos os lados. Bento entregou o enxadão para ela e, ordenou que cavasse
a sua sepultura ao lado daquele cupim e deu-lhe uma bofetada gritando que furasse depressa porque senão iria arretalhar ela
de faca. E pobrezinha pegando o enxadão muito apressada e aflita cavou sua própria sepultura e de vez em quando que ia mais
devagar ela recebia pontadas nas costas com a faca e gritos para que andasse de pressa. Quando ela deu conta de furar uns
quatro palmos mais ou menos Bento Côito ordenou que subisse no cupim e obedeceu, muito trêmula e toda suada que corria em
todo seu corpo... Sua roupa esfarrapada quase despida novamente mal equilibrava em cima do cupim, e Bento Côito gritou:
- Firma!
E deu-lhe um tiro de carabina nas costas e ela tombou virou de cabeça para baixo dentro do buraco. Quando Bento e Vicente
Paulista lá dentro da cova ela estava deitada de costas e seu cabelo cobria o corpo. Pegaram um enxadão em cima sem saber
se ela tinha ou não morrido, e voltaram vitoriosos para suas casas.
Isso sucedeu em Setembro de 1907.
CAPÍTULO IV
MILAGRES DA CIGANINHA
Depois que passaram vários anos que a ciganinha Isabel morreu todos que faziam votos de ir rezar na cova da ciganinha
era válido, como até hoje, muitas pessoas que sabe da história da ciganinha vai até o seu humilde túmulo rezar e receber graças.
Vou narrar alguns fatos de algumas pessoas que receberam alguns milagres. Primeiramente foi José Martinzinho que era dono
daquelas terras onde foi enterrada a ciganinha isso foi vários anos depois da morte dela. Na cova da ciganinha só existia
uma pequena cruz humilde e abandonada. Então, José Martizinho fez voto de fazer um pequeno túmulo naquela cova e com esse
voto dizem que recebeu um grande milagre que eu não sei o que ele recebeu.
Em 1963, como todos dessa redondeza podemos afirmar o fato de uma seca que assolou toda redondeza passou dez meses sem
chover nada. As águas secaram quase totalmente. Não tinha pasto. O gado morria de fome e o sol queimava ardentemente sobre
toda região o povo estava desesperado porque não havia se quer um sinal de chuva. O prejuízo já atingia grande quantidade.
No começo do ano os lavouristas perderam todas as lavouras já cacheadas, e no final do ano já era Dezembro ainda não havia
chovido e nem se quer um sinal da mesma. O calor era intenso com uma fumaça seca que cobria por todos os lados. Então, juntaram
o povo desta região e formaram um bloco de romeiros rezando e cantado subindo a serra e ajoelhavam nas pedras quentes do sol
pedindo a Deus para chover e fizeram um voto de rezar nove dias e no dia dos nove terminaram a novena lá na cruz da cigana.
E com muita dificuldade chegou o fim da novena uma enorme fila nas cabeceiras do córrego do matão e cantando e rezando pelas
estradas a fora e rumo a vertente do barro preto onde é situada a cova da cigana. Era mais ou menos cento e cinquenta pessoas
quando faltavam sem metros para chegar na cova da cigana todos ajoelhavam e acabaram de chegar andando de joelhos pelo chão
até chegar na cova santa. Em quase todos formou no joelho uma enorme pisadura, ou seja, uma grande ferida. Mas, quando estavam
terminando o primeiro terço, formou uma nuvem em imediato cresceu e trovejou e todos gritaram:
- Viva!
Agradecendo a alma da cigana e ao terminar o segundo terço todos estavam derramando suor do calor que abrasava, a chuva
começou a cair torrencialmente molharam todos daquela sagrada chuva fria, mas, não fez mal algum para ninguém. Chegaram todos
molhados em suas casas. E foram preparar suas lavouras plantando alegres porque tinha desaparecido aquela tormentosa seca.
Esse palco eu vi com meus próprios olhos porque eu participei desta penosa novena e fui um dos que encharcaram de chuva fria
com o corpo todo suado e nada de mal senti.
Em Frutal, estado de Minas Gerais, em uma certa ocasião saiu com paralisia uma pobre criança filho do senhor José Elói
e nessa ocasião ele já tinha conhecido a cova da cigana e, ouvido seu triste fato. Antes, o senhor José morava em um acampamento
na rodovia São Paulo a Cuiabá no quilômetro 208 que fica retirado de Gurinhatã apenas a 15 quilômetros, quando sucedeu o fato
do menino ficar paralítico o senhor José ficou muito triste porque seu filho tinha ficado paralítico após sofrer o terrível
incomodo, passado pouco tempo o José lembrou da cova da cigana e fez um voto que se seu filho andasse ele iria puxando um
animal arriado até a cova. E seu filho no outro dia amanheceu andando perfeitamente, e o senhor José muito emocionado comprou
logo um cavalo e dirigiu até o tumulo santo.
Este fato foi o próprio José Elói que me encontrou quando encontramos na Casa Paroquial em Campina Verde onde ele estava
ali mandando celebra missa para a alma da ciganinha em agradecimento do milagre que tanto alegrou seu coração.
Agora vou narrar um fato que aconteceu comigo com a Graça de Deus foi válido imediatamente. Em Janeiro de 1964, não sei
mais o dia do mês nesta ocasião minha filha tinha 10 meses de idade e estava brincando em cima da cama em meu quarto na fazenda,
entrou um enxame de maribondo no quarto e agarraram minha filhinha, minha esposa ouviu seus gritos correu afim de socorrer
quando chegou no quarto e que pegou minha filhinha ela estava pretinha de marimbondo carniceiro. Em imediato ela levou a menina
na cozinha e deu muito trabalho para retirar todos aqueles maribondos eu nesta hora cheguei correndo na cozinha pois, tinha
ouvido o choro dela, quando avistei fiquei desesperado, afinal, o rosto da criança estava completamente deformado devido ao
inchaço, e de segundo em segundo ela inchava cada vez mais... Parecia que ela estava com uma febre muito alta, nós percebíamos
o calor demasiado em sua pele. Era de tarde, já estava escurecendo e ameaçava um forte temporal a nossa aflição cada vez mais
aumentava. A chuva começava cair fortemente e trovões e ventos que davam fortes rajadas, como havia de socorrer aquela criancinha
em uma fazenda fora de recurso e além disso com forte temporal que desbravava? Minha filha cada vez pior ficava pois, suas
narinas não passavam mais ar, tinha entupido por toda sua garganta, já roncava, forçando a respiração, seus olhinhos já tinham
fechados por completo já estava esmorecida e nem mais chorava De repente veio m minha ideia e corri para o quarto e fechei
a porta e ajoelhei no chão... Coloquei as mãos para o alto e roguei a Deus e fiz um voto, que se eu tivesse a dignidade de
recuperar minha filha, no outro dia a primeira coisa que eu haveria de fazer seria ir até a cruz da cigana agradecer sua bondosa
alma do benefício que eu haveria de receber. Quando sai do quarto minha filha já recuperava... Parece que sua respiração era
mais livre e o inchaço ia se acabando pouco a pouco... Quando mais ou menos umas duas horas parecia que não tinha ferroado
nenhum maribondo. Sua pele estava completamente clarinha e não tinha inchaço nenhum... Ela sorria brincando com uma caixinha
sentada no colo de minha esposa, que louvava e agradecia a Deus.
No outro dia amanheceu chovendo muito mas, sem conversar com ninguém levantei não calcei minhas botinas e sai debaixo
da chuva e fui até a cova da cigana onde lá orei ardentemente agradecendo aquela alma bondosa que me deu grande alívio.
E assim, tem muitos outros fatos que acontece em ser beneficiado através de votos que inúmeros de romeiros faz lá na cova
da ciganinha. Lá na cruzinha encontra vários objetos que as pessoas colocam ali cumprindo votos. Roupas, pé de cera, fotografias,
cálculos dinheiros e vários outros que não me recordo agora no instante.
Se tivermos fé nas providências divinas estamos salvos. Como diz sempre o grande psiquiatra Vicente Peale: “O
Reino de Deus está dentro de ti. E pela fé em Cristo que você comunica com a fonte do Poder Divino”. Eis o encontramos
no Evangelho de Lucas:
“Dou-te o poder de pisar na serpente e os escorpiões e acima de tudo, o poder sobre teus inimigos. E nada te
fará mal!”
Devemos zelar de nossa alma porque nós não estamos vivendo na vida natural. A vida natural é depois da morte. Esta que
estamos é apenas uma vida de expiação e de reconciliação para com Deus. Na época que estamos marchando para um fim de era.
Devemos pensar firme e dizer com nós mesmos, salvem quem puder talvez ainda tenha tempo.
CAPÍTULO V
Então, agora vamos voltar para a história final de Bento Côito e seus companheiros. Na época em que Bento Côito e seus
companheiros mataram todos esses ciganos, e ficaram saindo e fazendo bagunças por uns dias. E logo que as polícias chegaram
da cidade do Prata trataram de reforçar, pedindo mais policiais de Uberaba. E no momento que chegou o reforço, eles saíram
afim de prender Bento Côito e suas feras.
E, acharam Bento Côito trabalhando em uma roçada. Esse não deu muito trabalho para prender porque ele conhecia o regulamento
policial daquela ocasião. Se entregaram amigável e ficou faltando João Profiro que não estava com eles aquele momento mas,
o Bento sabia onde ele estava. A polícia então, amarraram os capangas de Bento Côito em uma casa vizinha e levaram- o para
mostrar onde estava João Profiro. Encontraram João Profiro tocando uma junta de boi carreiro em uma cabeceira, era meio dia,
quando aproximaram de João Profiro, Bento Côito gritou para João Profiro:
- Aqui estou eu compadre João, estou preso e peço que você não reaja contra a polícia, porque senão pode piorar sua condição.
E o tenente Galileu chegando com os policiais no João Profiro, disse a ele:
- Desça do cavalo e deixe que nós amarramos você! Para que não fique pior as condições de vocês.
João Profiro se muito prontinho, desceu e caminhou logo para o lado do tenente que estava com as algemas, mas, quando
o tenente abriu-as para coloca-las nas mãos de João Profiro as coisas ficaram sérias.
João Profiro deu um pulo para cima e deu uma bofetada na face do tenente e no mesmo instante passou a perna em dois policiais
e ficaram todos três deitados no chão, enquanto mais dois policiais lutava com João Profiro uma terrível luta já estavam quase
se entregando pois, o homem cruel roubou as armas dos policiais e tentavam atirar contra eles, nesta hora o tenente melhorou
e em mediato pegou um fuzil e deu uma forte coronhada na cabeça de João Profiro que caiu desmaiado. Em seguida, algemaram
aquele terrível lutador que entre todos aqueles valentões era o mais forte, tinha uma força miserável, e era esperto como
um gato, tinha treino de briga. Quando João Profiro acordou já estava amarrado e com um corte na cabeça que corria sangue
em sua face.
E tocaram as duas feras amarradas para onde estavam os outros. Quando juntaram todos, que era para dar início para a viagem
do Prata, o tenente ordenou que os policiais dessem um banho em cada um deles e desabotoassem as camisas de todos. Quando
terminou aquele banho de borracha que deixaram eles com os lombos riscados o tenente perguntou ao João Profiro se era bom
matar ciganinhos inocentes. João Profiro respondeu:
- Não acho tão bom como vou achar agora, quando eu sair da prisão, eu vou matar e beber o sangue de tudo quanto for polícia
que eu ver em minha frente.
Quando acabou de dizer isto recebeu uma pancada na cabeça que fez rolar na mesma hora, caiu todo ensanguentado pelo chão
com a segunda coronhada na testa. E os policiais o fizeram levantar a pontapés no mesmo instante. E saíram pela estrada a
caminho do Prata. João Profiro pediu ao tente que queria passar em sua casa afim de despedir de sua esposa, que tinha casado
apenas oito meses e também pegar algumas roupas, quando chegou na casa do mesmo. Dona Abadia sua esposa veio atender as palmas
que tinha ouvido lá fora, quando saiu viu todo aquele impasse quase morreu de sentimento ao ver seu marido todo machucado,
com a camisa desabotoada, cabelos sujos de terra, ensanguentado e com as mãos amarradas. João Profiro pediu a sua esposa que
arruma-se suas roupas e um cobertor para ele agasalhar-se na prisão.
Dona Abadia disse para ele entrar para dentro pelo menos um pouco, mas, o tenente não permitiu, então João pediu que
sua esposa trouxesse água para ele pois, estava morrendo de sede. Dona Abadia então, em um pranto de choro pediu ao tenente
que deixasse ele entrar somente para tomar água pois, ela sentia, muito remorso em levar água para ele lá fora naquelas condições.
Então, o tenente permitiu que ele entrasse e o acompanhou até ele sair para trás. E saíram todos em caminho, enquanto isso
dona Abadia ficou sozinha em uma profunda paixão, era muito novinha e tinha pouca experiência na vida. E lá foi: Bento Côito,
João Profiro e os outros, em todas as casas que passavam para tomar água a polícia lhes davam um banho de borracha afim do
dono da casa ver o espetáculo. E chegando em uma fazenda muito distante a polícia pediu janta, e o fazendeiro muito bondoso
se colocou à disposição em dar uma boa comida a eles. O fazendeiro era o senhor João Quirino Ribeiro quando ele chamou todos
para jantar o tenente disse aos prisioneiros:
- Então, está na hora do aperitivo de borracha! Preparem-se os lombos!
E disse ao senhor João Quirino venha assistir ao espetáculo. O senhor João Quirino por estar muito comovido ao ver aqueles
homens cheios de sangue e com a roupa rasgada de tanto apanhar disse ao tenente:
- Senhor tenente, vou te pedir uma coisa, se você me atender eu ficarei feliz.
O tenente disse:
- O que é que o senhor vai me pedir?
Respondeu o senhor João Quirino:
- Vou pedir o senhor para não bater mais nesses infelizes pelo menos aqui perto de mim.
Então, o tenente gostava muito do senhor João Quirino não bateu mais nos prisioneiros quanto estavam de viagem, mas, quando
chegaram no Prata a coisa ficou séria.
Primeiramente amarrou João Profiro de cabeça para baixo e pernas abertas e deram pancadas de cassetetes entre as pernas
dele até desmaiar de tanta dor. E pegaram os outros um por um e bateram até que todos ficassem deitados pelo chão, e em seguida
pisaram nas barrigas, nas costas, no peito e em todo lugar que havia. E jogaram aqueles homens que pareciam trapos dentro
da prisão e enfim trancados.
Quando voltaram em si, não conseguiam se mexer de dor, naqueles machucados horríveis.
Ficaram esses homens na prisão muito triste por vários meses, suas comidas eram precárias, muitas encontravam moscas,
terra, barata, e até vidro moído eles punham na comida para eles.
CAPÍTULO VI
Quando iam sarando seu corpo daqueles machucados a polícia repetia a dose e o sofrimento agudo daqueles prisioneiros eram
terríveis, mas ficaram mais ou menos um ano nessa prisão, diz Dona Abadia que eles ficaram seis meses e a polícia soltou pois
achavam que eles morreriam, pois apanhavam muito na cadeia e comiam muito mal, estavam inchados e muito pálidos, estavam quase
mortos. E, foram todos para suas casas, Bento Côito e os outros tomaram lá uns remédios e ainda recuperaram e retomaram sua
saúde, mas, o João Profiro foi diferente chegou em sua casa muito doente mas, a dona Abadia e seus familiares tentaram recuperá-lo
porém, de nada adiantou, pois, sua barriga cresceu muito a ponto de estourar, seu sofrimento era agonizante e dona Abadia
muito sofria ao lado de seu marido naquela situação. Mas, foi daí a pouco tempo ele veio a falecer deixando-a viúva muito
jovem e sem nenhum filho, que daí algum tempo casou-se com um rapaz chamado José Juca, esse era tio de minha esposa. Dona
Abadia até este momento presente nesse ano de 1969 ainda se encontra viva e podendo confirmar toda esta história.
Voltaremos a contar sobre a vida do Bento Côito, Patrício, Bentinho e Vicente Paulista, estes homens depois de ter recuperado
do sofrimento que tinha sofrido na cadeia retornaram a viver a mesma a vida outrora vivenciada... Mas, agora sem o João Profiro.
Bento Côito depois de toda essa desgraça saiu em viagem de carro de boi para a cidade de Uberaba, nisto roubaram dele uma
junta de boi de guia em uma pousada que fizeram ali por perto de veríssimo, Bento Côito e seus filhos no outro dia pegaram
a batida dos bois e seguiram, pobre do homem que roubou os bois de Bento. Não sabia do tição que em que estavam mexendo, esse
ladrão de bois era de uma família de uns tais Paniáguas que tinha por lá mas, esta família não era bem vista. Mas, Bento Côito
e seus filhos quando alcançou os bois e o Paniáguas a coisa engrossou. O Paniáguas quis correr mas foi inútil porque atiraram
contra seu cavalo e em seguida atiram em sua perna onde ele caiu entregue aos Côitos. Enquanto Bento e seus filhos mataram
o pobre homem na maior judiação, furaram seus olhos derem várias facas em lugar não mortal para depois de grande sofrimento
matar. Os Paniáguas quando acharam seu parente morto e jurou matar quem matou seu irmão, pois, se descobrissem o malfeitor.
E, voltaram para casa os Côitos, naquela ocasião havia um velho muito que na sua caduquice afirmava que gostaria de casar
com as mocinhas. Todas as pessoas que o conheciam o achavam muito engraçado e ele sempre andavam em uma égua com uma porção
de malas na garupa e, embornal pendurado por todos os lados do arreio, andava de passo vagarosamente pela estrada a fora,
não tinha morada era sozinho no mundo. E, Bento Côito implicou com o velhinho só porque ele dizia que iria se casar com as
moças. E, dizia que o dia que ele encontrasse aquele velho enjoado sozinho na estrada ia passar nele uma coça de deixar ele
comendo caldo de galinha. E, um dia o velhinho ia tranquilo pela estrada, encontrou Bento Côito, o velho muito distraído quando
viu que o Côito estava agarrado na rédea de sua égua que de tanto lerda, e ordenou que o velho descesse, o velhinho pedia
por misericórdia e por tudo que era santo. Chorava pedindo ao Bento para não machucá-lo mas, foi inútil, pois o homem era
sem coração, pegou na perna do velhinho e derrubou-o da égua, amarrando-o com cabo do cabresto as duas pernas e pendurou o
velho de cabeça para baixo em um galho de uma árvore e cortou um porrete de capitão e deu pauladas por todos os lados no pobre
velho deixando-o machucado, quando Bento acabou de aplicar tamanha surra e foi se embora e, o velho homem ficou amarrado de
cabeça para baixo até que alguém passou por ali e o socorreu.
Passados pouco tempo houve por ali uma encrenca de um tal Roberto com o Lázaro Valente, mas, foi uma pequena encrenca,
se o Bento não entrasse no meio não tinha acontecido nada, Bento Côito quando encontrava Lázaro dizia a ele:
- O que que virou aquela encrenca com o Roberto? Vai deixar assim? Deixa de ser mole por que você não mata ele? Se você
não tiver coragem, me dê qualquer coisa que eu o matarei...
Quando Bento encontrava Roberto dizia do mesmo jeito para ele e se oferecia para matar Lázaro. E, assim ele começou a
futricar com um e com outro todos os dias que encontrava, mas, um dia Roberto ficou sabendo da história, mas, não ficou sabendo
como era na verdade, só contaram para ele que o Bento estava insistindo com Lázaro para que ele ajustasse para matá-lo. E
os amigos do Roberto pediram para que ele não facilitasse deixando-o preocupado com a história, mas, o povo daquela época
tinha medo de feitiço e o Bento tinha falado a todos que bala não matava ele, só se algum dia alguém o encontrasse com os
pés dentro d’água mas, se não fosse assim ninguém tinha poder de matá-lo, e o povo acreditava pois, Bento parecia
que tinha mesmo uma proteção diabólica. Mas, mesmo assim o Roberto não desistiu de matá-lo porque se o Bento dissesse matava
alguém este fato acontecia.
CAPÍTULO VII
Em uma certa ocasião o Bento pegou uma mudança de um velho chamado Aureliano para levar da Furna do Matão as margens do
Rio Grande, levou a mudança de carro de boi, no dia que Bento estava carregando o carro de boi. No dia em que ele estava carregando
o carro para sair de madrugada chegou lá Roberto e então ao chegar debruçou por cima do cabeçalho do carro e permaneceu ali
um pouco calado. Depois disse ao Bento Côito:
- Então, seu Bento vai levar nosso velho Aureliano para longe de nós?
E Bento respondeu:
- Bem que sinto mas, ele quer ir eu o levarei.
Interrogou novamente Roberto:
- Quantos dias vai gastar nesta viagem?
-Respondeu Bento:
- Vai ser três para ir e três para voltar.
Tornou perguntar Roberto:
- Onde serão os pousos que o senhor marcou?
Bento explicou ao Roberto mas, não sabia sua intenção, quando fez três dias que Bento saiu, Roberto engraxou bem sua carabina
e saiu afim de ter a oportunidade de matá-lo com os pés dentro d’água, e durante os três dias da volta do Bento,
Roberto tocaiou ele em todos os córregos mas, não achou a oportunidade, pois, ele não pisava na água.
Quando ele passava em alguma pinguela e pulava a água estreita até chegar o novo dia em que Bento havia de chegar em sua
casa. Roberto já estava aflito porque se perdesse aquela oportunidade Bento poderia matá-lo. Quando Bento aproximava para
chegar no último pouso na casa do senhor João Martins em cima da serra em um lugar chamado Lajeado, aproximava-se o dia de
chegar em sua casa.
Roberto então, foi até sua casa afim de comer alguma coisa porque fazia três dias que vinham passando a matula mais tarde
ele então colocou sua carabina tira colo no pescoço e subiu pelo meio do cerrado e capoeira com um cabresto na mão porque
se encontrasse alguém que ele estava campeando um cavalo. Na cabeceira do córrego do ranchinho ele encontrou Jerônimo Teodoro
que estava por ali tirando alguns cabos de enxada, quando Roberto o viu perguntou se tinha visto por ali alguns cavalos, mas,
em seguida perguntou se não tinha ouvido um carro de boi cantando em cima da serra e logo, se despediu e saiu quando ele estava
subindo a serra disse ao Jerônimo Teodoro:
- Hoje é o dia de Bento Côito, queira Deus!
E passado meia hora Jerônimo Teodoro ouviu o carro de boi chegando na casa do senhor João Martins, já estava escurecendo.
Quando foi ali as oito e meia da noite Bento Côito conversava com o senhor João Martins, era 10 de Agosto de 1922, numa quinta-feira,
então João Martins colocou uma água na bacia ele levou ao Bento para ele lavar os pés.
A casa do senhor João era de pau a pique Bento colocou a bacia entre suas pernas, antes de colocar os pés dentro da água,
tirou do bolso uma cortiça de pó de fumo e cheirou uma boa narigada, pois, gostava muito de rapé, depois de guardar a cortiça
puxou a calça de algodão até o joelho e pôs os pés dentro da água, mas, Roberto estava do lado de fora observando Bento lá
dentro por um buraco da parede. Quando ele viu que Bento colocou os pés na água ele colocou o cabo da carabina no buraco da
parede e quando Bento quis arcar para frente para lavar os pés, chegou sua hora! Um tiro de carabina assolou naquele momento,
e uma bala calibre 44 entrou na nuca de Bento e vazou por baixo de um dos olhos, Bento só deu um levando e ficou de pé e em
um instante levou os braços para cima e caiu no chão debruço.
Sem vida jorrando seu sangue lá na cozinha do seu João Martins, aquele tiro de carabina com seu eco balançou todos os
boqueirões de serra da região, fez despertar a curiosidade de muitas pessoas pensando assim.
Morreu o Bento Côito em 10 de Agosto de 1922, numa quinta-feira, dia de São Lourenço, ás 20 horas e 30 minutos. Adeus
Bento! Adeus fera! Bom... Neste dia o Bento Côito partiu mas, deixou ainda Bentinho, Patrício e Vicente Paulista, vamos ver
o que foi feito do resto dos Côitos.
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